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Surf também se escreve no Feminino

As origens do Surf remontam aos povos polinésios e os primeiros relatos feitos desta prática são da autoria de James King, que havia substituído James Cook no comando do HMS Discovery, após este ter sido morto por havaianos. James King fez uma referência ao que apelidava de “exótico passatempo” dos locais no Havai. Rapidamente os europeus começaram a usar esta região como ponto de paragem, durante as travessias do Oceano Pacífico, o que levou a que, em 1821, missionários Calvinistas da Grã-Bretanha chegassem para impor a sua religião e oprimir as ideologias das populações nativas. A prática do Surf era vista por estes missionários como imprópria e a mesma foi banida. O que quase levou à extinção desta tradição havaiana.

A ressurreição da cultura do Surf passou pelas mãos de dois homens: George Freeth e Duke Kahanamoku. George foi um dos primeiros beach boys de Waikiki, um grupo que ainda praticava o (na altura) raro desporto, e, quando se mudou para a Califórnia, passou a demonstrar as suas habilidades em Venice Beach, onde ficou conhecido como o “homem que conseguia andar na água”. Por essa razão, é-lhe atribuído o mérito de ter chamado a atenção dos americanos para o Surf. No entanto, quem levou o nome da modalidade por todo mundo foi Duke Kahanamoku, que, em 1912, em representação dos Estados Unidos da América, ganhou várias medalhas nos Jogos Olímpicos de 1912, em Estocolmo. A partir desse momento, Duke viajou pelo mundo como embaixador havaiano e espalhou o espírito Aloha por todo o mundo, apresentando o Surf em países com a Austrália e a Nova Zelândia, que rapidamente abraçaram a modalidade.

A arte de dominar as ondas é nos dias de hoje bastante popular e nomes como Mick Fanning, Kelly Slater, Tiago “Saca” Pires e Vasco “Kikas” Ribeiro tornaram-se familiares, mas o que dizer de Isabel Letham, Wendy Botha, Layne Beachley? Estes são os nomes de algumas das muitas mulheres que escreveram a história do Surf mundial no feminino.

A presença feminina no Surf tem as suas origens no Havai, onde a modalidade começou por ser praticada por nativos. São várias as histórias e mo’olelo (lendas) de mulheres que desafiavam as ondas a par dos homens, como uma prova de bravura. Personagens como Laieikawai, ou Kelea são protagonistas de muitas destas histórias, que atravessaram séculos e inspiraram milhares de homens e mulheres que pretendiam deslizar sobre a água.

A ocidentalização da modalidade neste canto do planeta e a exportação da mesma levou a um afastamento das suas origens, sendo que, até à segunda metade do século XX, o papel das mulheres no Surf foi relegado para segundo plano e estas passaram a ser beach bunnies, que ficavam no areal a bronzear-se e a observar os homens a desafiar as ondas. O Surf tornou-se, assim, num desporto dominado por homens.

Após a Segunda Grande Guerra, o mundo mudou e a forma de olhar para as mulheres e o seu potencial também. A atitude das mulheres que haviam saído de casa para as fábricas foi também transposta para as praias e algumas ousaram enfrentar o oceano nos seus biquínis, algo que não foi bem aceite pela sociedade, visto “não ser a forma de estar de uma mulher”. Personagens como Gidget inspiraram milhares de jovens que queriam aprender a surfar e a experimentar as aventuras da menina que passou para o cinema e para a televisão. Nas décadas seguintes, o mundo assistiu à emancipação feminina e a modalidade não poderia deixar de ser indiferente a estas mudanças.

Se durante anos as mulheres eram beach bunnies, simples adereços, passaram a ser wahines, raparigas que desafiavam a força da natureza, que demostravam ter a perícia, a atitude e a alma como as deusas como Keane, ou Pele e as suas discípulas, que durante séculos domaram as ondas do Pacífico ao lado de grandes homens. Exemplo disso são: Mary Ann Hawkins, uma das primeiras surfistas a dominar as ondas da costa oeste; Margo Calhaun, que venceu o Makaha Internacional Surf Contest, tornando-se, assim, a primeira mulher a ganhar uma competição na modalidade, e foi também, desde 2003, parte do Huntington Beach Surf Walk of Fame; Isabel Letham, a Primeira-Dama do Surf australiano; Wendy Both, a primeira e única sul-africana a ganhar o título de Campeã Mundial; Layne Beachley, considerada a Melhor Surfista de todos os tempos, detendo o recorde de 7 títulos mundiais.

Graças a estas e muitas outras mulheres, o desporto cresceu e o estilo de vida descontraído ganhou outro alento e desenvolveu-se. Elas abriram o caminho para outras jovens surfistas e reclamaram o seu espaço na história do Surf, tornando-o, novamente, num desporto mais justo em termos de género.

Hoje em dia, existe uma filosofia e uma indústria de milhões que é alimentada pela imagem de estilo de vida saudável, mas também pela ideia de mulheres fortes, donas do seu destino e destemidas.

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