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(Re)Pensar sobre a Violência na Família

O comportamento agressivo, que tem sempre uma origem (o agressor) e um destino (o agredido, necessita, para ser considerado, de ter intencionalidade, tem que ter a intenção de provocar um dano (qualquer tipo e grau de ataque à integridade do outro). Podendo, de acordo com a sua direccionalidade, o comportamento agressivo pode constituir uma auto-agressão, ou uma hetero-agressão. Para a compreender, é importante conhecer os significados que cada individuo atribui ao seu comportamento e ao comportamento dos outros, bem como o sistema de crenças, mitos, preconceitos familiares e culturais.

A violência constitui sempre uma forma de exercício de poder, mediante o uso da força (física, psicológica, económica, política), pelo que define inevitavelmente papéis complementares: assim surge o vitimador e a vítima. O poder e o género são dois elementos importantes da organização estrutural da família e a sua consideração parece inegável, quando se pretende compreender a violência familiar. A estrutura de poder é geralmente vertical e definida em função do género (na nossa cultura, o sexo masculino continua a ser dominante) e da idade (“os filhos devem obedecer aos mais velhos”, “o pai é quem impõe as regras da casa”, ou “a mulher deve seguir o marido”).

O recurso à força constitui-se como um método possível de resolução de conflitos interpessoais, procurando o vitimador que a vítima faça o que ele pretende, que concorde com ele, ou que se anule e lhe reforce a sua posição/identidade contráriamente ao comportamento agressivo. O comportamento violento não tem a intenção de fazer mal à outra pessoa, ainda que habitualmente isso aconteça.

É impossível também compreender a violência sem pensar na questão da dependência relacional, ou interpessoal. As famílias onde há violência caraterizam-se, frequentemente, pela existência de dificuldades em estabelecer e em gerir as distâncias óptimas entre os seus membros.

Tudo se passa como se, no seio de uma família em que a coesão é consolidada pela manutenção de uma proximidade excessiva entre cada um dos membros, o espaço pessoal não se alcance, a não ser com a ajuda de comportamentos violentos, que provocam o recuo e o afastamento de cada um em relação aos outros: a culpabilidade, o medo e a vergonha por esta violência alargam provisoriamente a intensidade das relações, mas, rapidamente, a solidão, os sentimentos de abandono, o desejo de ligação, a lealdade apropriada face ao nó familiar vai novamente ligar toda a gente, tornando-se num ciclo. De acordo com este funcionamento, o segredo (o não falar sobre a violência que ocorre no seio familiar) é fundamental, pois reforça as alianças intrafamiliares e a dependência relacional.

Ao longo das próximas reflexões irei desenvolver as várias formas de violência familiar, que compreende todas as formas de abuso crónico, temporário ou permanente, que ocorrem nas relações intrafamiliares: o mau trato infantil, a violência conjugal, o mau trato de idosos e a violência filio-parental.

Cuide de Si, Cuide da Sua Saúde Mental.

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