+1 202 555 0180

Have a question, comment, or concern? Our dedicated team of experts is ready to hear and assist you. Reach us through our social media, phone, or live chat.

Pensava que os meus pais queriam que fosse feliz!

Eu pensava que os meus pais queriam que eu fosse feliz

– disse-me em lágrimas e numa dor profunda de uma adulta que, com voz meiga de criança, descobre que afinal os pais aos seus olhos já não são os super-heróis capazes de tudo fazer por ela, mas sim humanos na fragilidade das suas necessidades e percepções individuais do mundo.

Esta situação deixou-me a refletir sobre a dor que carregamos em nós, por vezes uma vida inteira fruto da forma como “captamos” e “digerimos” o que nos acontece. Acontece que cada pessoa é um ser individual, único e complexo na sua forma de sentir e processar dentro de si esse Mundo que corre do outro lado da experiência interna e, como tal, “ingere” e “metaboliza” os acontecimentos da sua vida tendo por base uma estrutura muito própria e singular, quase como se a unicidade da informação genética, que cada um carrega internamente, dê-se lugar à expressão de uma consciência e mentalidade próprias e assim a um olhar ante o Mundo único.

Esta diversidade singular é, na minha opinião, a beleza do ser humano e também o maior desafio do mesmo, na conciliação da singularidade com a pluralidade de diversidade existente nos outros com que nos relacionamos, com aqueles outros dos quais somos filhos, pais, amantes, amigos, colegas de trabalho ou meros transeuntes a partilhar a mesma carruagem de metro.

Já soa cliché dizer isto, estamos todos fartos de saber, na minha opinião, que cada qual é individual e único e que esta diversidade traz uma gama imensa de formas de reação aos acontecimentos, contudo parece que em certos momentos nos esquecemos desta realidade e desta perceção individual do que nos rodeia e sofremos na pele, a diferença de uma experiência do Mundo, pessoal e individualizada.

O que quero dizer com isto é que, quando o outro não partilha da mesma visão, do mesmo sentir e reagir a certas circunstâncias, muitas das vezes somos os primeiros a apontar o dedo e tom acusatório e separatista. Olhamos para o que se passa no Mundo ao nosso redor, tirania, ganância, crianças em situações que nem queremos imaginar ainda serem possíveis em pleno século XXI, etc, e perguntamos – “Como é isto possível?” – e depois no seio das nossas relações, perante um sentir ou visões diferentes da nossa realidade, não pausamos antes de levantar o dedo acusatório.

Torna-se assim importante um processo de conhecimento das fundações das reações e ações que conduzem os nossos comportamentos.

Qual a raiz da dor e desconforto de determinadas ações e qual a fonte de prazer noutras?

Afinal que força motriz individual é esta que nos move e conduz as nossas escolhas (ou não escolhas)?

Muitos de nós ainda não conhecem estas forças e estão como barcos à deriva ao sabor de uma vontade interna, desconhecida da consciência individual.

Aquilo em que acreditamos sem questionar e o que mais valorizamos, assim como à própria vida, são a forças ocultas e fundadoras do avanços e recuos individuais. E, voltando à situação com que comecei, é o que determina a felicidade aos olhos de uns e infelicidade aos olhos de outros e quando esses outros são “os nossos” essa incompatibilidade traz-nos dor e sofrimento.

Como “os nossos” não percebem uma escolha nossa que, para nós, é sinónimo de felicidade? Como esses “nossos” acreditam e valorizam coisas diferentes das nossas?

É como questionar o facto de uma chave, que abre a porta da caixa de correio, não abrir a porta de entrada principal da casa. Simplesmente são encaixes diferentes, só isso, formas diferentes de ver e percecionar o Mundo.

Conhece-te a ti mesmo” –  Santo Agostinho

Abraçar o conhecimento de nós próprios, de quem sou, o que valorizo, no que acredito, é um dos caminhos para percebermos a forma própria com que internalizamos o Mundo e como re-agimos aos mesmo.

Se antes de tudo pudéssemos saber para onde vamos, e para onde tendemos, poderíamos melhor avaliar o quê e como fazê-lo. – Abraham Lincoln

Share this article
Shareable URL
Prev Post

A mais comum rua do mundo – Parte I

Next Post

“Livre não sou, que nem a própria vida mo consente”

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

Este site utiliza o Akismet para reduzir spam. Fica a saber como são processados os dados dos comentários.

Read next

Vinho Bom e Mau

Após uns tempos sem escrever, cá estou eu… é que emigrei para o Burkina Faso e não tinha Internet. Mentiras à…

Perdoar é difícil

Quando não perdoamos o cansaço mental nos destrói e faz-nos perder a calma no meio da tempestade de culpa que…