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Os Urânios do Século XXI

Como a Grécia parece estar na moda por todos os motivos e mais alguns, eis que recorro à famosa mitologia deste país para descrever uma situação que, se não é caricata, será, no mínimo, ridícula.

E quem são estes tais de Urânios? Segundo a mitologia grega, os Urânios são Arges, Brontes e Estéropes. São os Ciclopes mais antigos, descendentes de Úrano e Gaia. Diz a lenda que, quando nasceram, Úrano, Senhor dos Céus, por causa dos seus enormes poderes, trancou-os no interior da Terra com os seus irmãos, os Hecatônquiros, gigantes de cem braços e cinquenta cabeças. Gaia, encolerizada por ter os filhos presos no Tártaro, incita-os a apoiar a guerra travada por cinco dos seis titãs, também seus filhos, contra Úrano, a fim de tomar o trono do Pai, que, à época, governava o Céu.

Interessante, não? Contudo, perguntam-me agora e com razão, o que têm estas figuras do folclore helénico a ver com a nossa realidade? A resposta é simples. Façamos uso da imaginação e coloquemos a União Europeia no duplo papel de Gaia e os Estados-membros da UE no papel de Arges, Brontes, Estéropes e Titãs. Como cenário, temos o conflito interno Ucraniano, que dividiu o país em dois e a chegada do Syriza ao poder na Grécia. Já perceberam onde quero chegar?

É que, se há coisa que o meu bom senso ainda não conseguiu entender, é esta guerra que a União Europeia tem travado com a Federação Russa, por causa do conflito armado Ucraniano. O conflito interno Ucraniano resultou da queda ilegítima e forçada de Yanukovich. Digo ilegítima e forçada, porque Viktor Yanukovich, corrupto ou não, foi eleito democraticamente pela maioria da População da Ucrânia. Tudo o resto é pura propaganda.

Ora, sendo assim, porque carga de água a União Europeia tomou partido por um dos lados?

Aliás, pior do que ter tomado partido por um dos lados do conflito e de alimentar um problema que parece não ter fim à vista, a UE optou por levar a cabo vários pacotes de sanções económicas à Rússia. E fê-lo sem olhar a meios, nem a quê. Agiu como um dos Urânios que mencionei atrás e quem sofre com isto são países como Portugal. Isto, porque os Russos eram os maiores clientes dos portugueses no que ao mercado da fruta dizia respeito e, agora, com os embargos de que o Ciclope Europeu tanto se orgulha, a fruta que Portugal produz ou é para deitar ao lixo, ou é para oferecer aos pobres. Assim se destrói por completo uma fonte de riqueza de um país que, para além de intervencionado e a cumprir um programa da Troika, tem imensas dificuldades em retirar proveito algum da sua balança comercial para fazer frente ao seu elevado défice.

Ou seja, se a Rússia é um parceiro comercial estratégico que pode ajudar a combater a grave crise em que a Zona EURO está completamente enterrada até ao pescoço, como é que se compreende que a UE tenha entrado em guerra com os Russos, por causa de um conflito com raízes nefastas? Ou melhor, como é possível que a União Europeia seja governada pelos Urânios do Século XXI, sem que ninguém os coloque novamente no Tártaro?

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