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O que vemos na rua

Sempre gostei de caminhar. Quando visito um sítio novo, ou até mesmo quando passo pelas ruas que todos os dias vejo, gosto de passar por elas a pé e não de carro, porque só a pé me é permitido observar as coisas com a velocidade que eu quiser.

Andamos tão envolvidos na poeira dos nossos dias que acabamos, muitas vezes, por nos esquecer de parar e olhar em volta, de apreciar o que temos no nosso caminho.

Ao caminhar pelas ruas, sejam que ruas forem, gosto de ver essencialmente as pessoas, ou mais precisamente as atitudes das pessoas. Gosto de ver um grupo de amigos a caminhar para a faculdade, entre conversas e risos. Gosto de ver um casal de namorados a descobrirem juntos o mundo, dia após dia, ou um casal de idosos a passear, com a pouca força que ainda lhes resta, mas movidos pelo amor que ainda os une. Gosto de ver as pessoas com pressa para chegar ao trabalho ou à escola. Gosto de ver os carros e os autocarros.

Já vi de tudo ao caminhar pela rua. No entanto, é realmente a pressa das pessoas que mais me fica na memória. Temos pressa para tudo. Pressa de viver, pressa de acabar o dia, pressa de acabar a semana, pressa de chegarem as férias. E depois, quando nos apercebemos da rapidez com que o tempo passa, queixamo-nos de que o tempo passa depressa demais, de que nos escapa entre os dedos, de que as outrora crianças são agora adultos e os adultos já não vão para novos.

As pessoas atropelam-se umas às outras numa correria desenfreada para verem se o tempo passa, se chegam a horas, se levam os filhos à escola, ou os pais ao médico, se têm tempo para visitar aquela amiga ou aquele amigo. Temos muita pressa. Queremos atropelar o tempo com os passos rápidos que vamos dando pelas ruas da vida. E depois é tarde. E o tempo falta. E não paramos para olhar para o lado, para o outro, para as acções das pessoas com quem nos cruzamos.

Quem nos garante que já não passámos por um possível grande amor ou um possível grande amigo e não o vimos porque nos deixamos consumir pela pressa de chegar onde temos de chegar? Entre os dias que passam a correr e o caminho que vou fazendo todos os dias, tento parar para olhar para o lado e ver o que de bom podemos ver à nossa volta, os abraços, os beijos, os olhares de carinho, as discussões, os términos de uma relação amorosa ou de amizade, as discussões filosóficas depois de um dia de trabalho árduo, em que as pessoas, embriagadas pelo cansaço, falam de tudo e de nada, enquanto se dirigem a casa. E parar e reparar nestas coisas não é estar vivo, não sei o que será.

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