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O que muda na alimentação com a Universidade?

É sabido que o ingresso na Universidade transforma a vida de qualquer um. Não é só por se estabelecerem novos laços de amizade, por, pela primeira vez na vida, ser obrigado a ser autónomo, ou por, simplesmente, se mudar de malas e bagagens para uma nova cidade. Esta transformação reflecte-se muitas vezes na adopção de novos hábitos alimentares, na maioria das vezes, para pior. Uma realidade dos estudantes universitários portugueses que tem preocupado a comunidade médica e que quisemos conhecer.

No segundo ano de mestrado do Ensino Básico, na Escola Superior de Educação do Instituto Politécnico do Porto, Diana Rodrigues, de 23 anos, é espelho dessa realidade. Desde que ingressou na Universidade que a sua alimentação mudou e confessa que não foi para melhor. “Antes, a minha alimentação era rica e saudável, agora opto, na maioria das vezes, por comidas rápidas e pouco saudáveis. Atribuo essa mudança à falta de tempo para cozinhar”. Pedro Alves, 19 anos, estudante no 3º ano de Design e Multimédia, na Universidade da Beira Interior, compreende-a e vai, inclusive, mais longe, referindo também o dinheiro como condicionante. “Mudou, porque agora sou eu que cozinho para mim e, devido ao dinheiro e ao tempo, não tem tanta qualidade”.

No meio de tanta mudança, o pequeno-almoço, segundo estes dois entrevistados, não sofreu qualquer alteração. Se no caso de Pedro Alves nunca teve esse hábito a não ser um café, Diana Rodrigues afirma que tanto em casa dos pais, como ao longo do ano lectivo, nunca salta a primeira refeição do dia, composta normalmente por um pão com manteiga acompanhado, ou por um copo de leite, ou um café.

Uma das refeições de Diana Rodrigues

Quanto ao almoço, para o estudante da Beira Interior é sempre uma correria – “normalmente é umas sandes, devido ao tempo que temos entre as aulas”. Optando por compensar à noite, fazendo um bom jantar, isto é, se houver comida em casa, caso contrário tem que comer fora. Explica, ainda, que gostaria de ter uma alimentação saudável, mas que “é impossível de a praticar” tudo porque “a comida saudável normalmente é mais cara”. Entre os seus “pecados” refere a comida pré-feita e a raridade do peixe.

Já a futura professora por norma almoça no bar da escola e não na cantina, por ser “mais rápido”, onde, confessa, cometer alguns erros. “Só como porcarias: mistas, francesinhas, panado no pão. A sopa como poucas vezes”. O jantar tende a ser mais elaborado, contudo, na maioria das vezes, opta por comidas rápidas à base de natas e alguns fritos. “Geralmente os pratos que cozinho contêm carne, batata frita e/ou arroz, massas com natas, juntamente com outros componentes como atum e bacon”. Não esquecendo as pizzas. A meio da manhã, ou come umas bolachas, ou um bolo, acrescenta.

Em épocas mais apertadas de trabalhos, frequências ou exames, o cenário só tende a piorar. Segundo Diana Rodrigues, o tempo é ainda mais curto, o que a leva a consumir a designada comida “fast food”. Pedro Alves nem hesita a responder: “muda completamente. Nessas alturas, as minhas refeições são basicamente sandes e café”.

Confrontados com o futuro, se têm, ou não intenção de melhorar a alimentação, ambos referem que sim, mas que tal só será possível após terminar os estudos. Diana Rodrigues compromete-se mesmo a melhorar a alimentação no fim do mestrado, tornando-a rica em nutrientes, evitando as natas e os fritos, enquanto que Pedro Alves espera ter mais tempo na fase de emprego/desemprego de forma a conseguir ter uma alimentação mais saudável.

A excepção

Ainda caloira na Universidade do Minho no curso de Química, Sandra Machado de 18 anos é a excepção. Garante que, nestes últimos meses, não mudou nada na sua alimentação. O pequeno-almoço continua a ser o leite com o café, acompanhado com um pão. As refeições normalmente são feitas em casa, tirando algumas vezes que come na cantina, por causa das praxes. A fruta e os legumes são a base das suas refeições, referindo que raramente consume comida pré-feita.

O ponto de vista de um profissional

Catarina Félix, dietista de profissão e autora do blogue “Diário de uma Dietista”, aponta que “os jovens tendem a ser irreverentes até na alimentação”. Saltam refeições, comem alimentos hipercalóricos, ou seja, ignoram “as consequências para a sua saúde presente e futura”. Esquecendo-se que o seu rendimento cerebral depende da alimentação que têm.

Na sua opinião, se a falta de tempo é, por um lado, a causa para a irregularidade das refeições, por outro lado, “é certo que os jovens que tendem a levar alimentos de casa, ultrapassando a inibição social, são mais saudáveis, fazem refeições mais frequentes e poupam”. Acrescentando que, “ao contrário do que muitos pensam, quando se traz alimentos de casa, poupa-se bastante. Isto porque tudo o que se possa comprar ‘no café’ é sempre mais caro e habitualmente menos saudável”.

Sugere, portanto, que o pequeno-almoço seja feito em casa, uma vez que “fica muito mais barato que comer na cafetaria e evita-se impulsos para consumir um alimento pouco saudável”, como os bolos. Para aqueles que gostam de fazer pequenos lanches entre as refeições aconselha que, em vez de irem à pastelaria, ou ao café, levem de casa fruta e iogurtes líquidos. “Estes são saciantes, pouco calóricos, mais saudáveis e baratos do que o tradicional bolo, salgado e o café”, refere.

No acto da compra, segundo a própria, é preferível optar por embalagens maiores, com doses individuais. “Normalmente são mais baratos do que várias embalagens pequenas e permitem ter sempre uma dose controlada disponível”, dando como exemplos as barras de cereais, as bolachas e as tostas integrais. Não esquecendo levar a água, ou outra bebida à escolha de casa, “assim evita-se comprar pequenas doses, bastante mais caras, e incentiva-se a beber mais água ao longo do dia”.

Aos estudantes que gostam de almoçar fora de casa chama à atenção para a importância de evitar o fast-food: “pode ser mais barato, cómodo e rápido do que uma refeição completa num restaurante, mas, não devemos cair em falsas soluções que só prejudicarão a curto e a longo prazo o nosso organismo e a nossa saúde”. Aconselhando, por isso, a levarem o almoço de casa, além de ser mais saudável, fica mais em conta. Se, mesmo assim, consideram que gastam muito tempo a cozinhar, sempre podem cozinhar nas folgas e durante os fins-de-semana. Depois é só congelar em doses individuais para comer durante a semana. Dando o exemplo da sopa. “É dos pratos mais ricos, variados e baratos. Mesmo os nutrientes que se dissolvem na água ficam na sopa, porque essa água é consumida”.

Por fim, se o problema é realmente a comida saudável ser mais cara, deixa algumas dicas. É o caso da fruta que tende a ser mais cara, se for comprada fora de época. A solução para este problema passa por “comprar fruta da época” por existir em maior quantidade, ser mais barata, ter menos aditivos e ter melhor qualidade nutricional, não esquecendo o facto de ser mais saudável. Quanto à carne e ao peixe, se consideram ter um custo muito elevado, podem substituir por proteínas vegetais, além de serem mais baratas, são saudáveis. Dentro deste grupo encontram-se os feijões, o grão, a soja, o tofu, os ovos, entre outros.

Nunca é demais lembrar que 30% dos jovens portugueses têm peso a mais. Com a entrada no ensino superior, o cenário só tende a piorar. Apesar do aumento de iniciativas de prevenção em algumas universidades, a maioria prefere os fritos. Há um estudo que diz que, a continuar assim, os nossos filhos vão morrer antes de nós. Será?

 

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