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O Posto da Solidão

“Não, senhor, não foi nada assim. Olhe para o que passa na televisão.” Longe estão os tempos dos nossos clássicos de cabeceira, longe do “meu caro senhor”, “deveras”, “homem” e por aí adiante. Longe estão os tempos de olhar para ver, de andar sem correr, de conseguir assimilar o mundo tal como ele é. E, para ele, o mundo actual é a solidão.

Para ele, a idade não é um posto. Talvez um posto de solidão, uma quantidade de horas na berma de um estabelecimento, ora porque não entra totalmente, ora porque não o deixam entrar. Certamente, compreenderá a fuga de estilo e das palavras. Entra certamente, senta-se quando quer e onde, pede o que deseja e espera. Espera que a solidão passe, que o jornal deslize entre os dedos, que as palavras sigam o rumo natural entre os seus olhos.

O mundo, novamente, funciona demasiado rápido para ele. O curioso paradoxo atira-o para um canto informado e intelectual interessante mas fora do caminho do novo mundo, cheio de ritmos, pressas e pragas. Ninguém o ouve, ninguém o quer ouvir. O curioso paradoxo retrata uma sociedade com pressa de tudo, mas sem pressa de aprender. Logo com quem, que tantos anos de histórias e experiências poderiam servir de escadas para o pensamento.

A sociedade é um poço de pressa, onde o tempo nunca chega para a compreender. Onde o tempo nunca chega para quem ajudou a construir um mundo melhor. Onde o tempo, longe de todo o tempo que passou, foge novamente a quem mais precisa. As horas passam, as mãos trémulas ficam. Mal seguram a chávena de café mas são suficientes para segurar a mágoa.

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