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O papel da Universidade no Mercado de Trabalho

Quando uma casa tem as suas infraestruturas rachadas, um terramoto provoca a sua destruição. Um exemplo simples e lógico que nos ajuda a perceber a actual situação de desemprego entre os jovens licenciados do nosso país, pois, uma boa parte dele já existia, apenas estava mascarado. A grande diferença é que antes, os jovens profissionais podiam até não conseguir trabalho, mas tinham sempre alternativas, hoje, com a crise, o mercado de trabalho encolheu drasticamente, logo só absorve os que vêm de áreas de procura consolidada, como é o caso das engenharias. Perante esta dura realidade e com as universidades a verem as suas fragilidades postas a nu diante de uma geração inteira, o grande desafio destas instituições prende-se por procurarem maximizar a sua contribuição para inverter a situação económica que se vive em Portugal.

António Rendas, presidente do Conselho de Reitores, é um dos inconformados, tendo, inclusive, afirmado recentemente que “é inacreditável que as universidades não se preocupem com a empregabilidade e o percurso, depois da graduação dos seus diplomados”, sendo Portugal o único país do mundo em que tal situação acontece. Na sua opinião, é crucial que exista um maior esforço, inclusive no ensino secundário, em adequar as ofertas curriculares ao mercado de trabalho.

Contudo, isso é apenas a ponta de um iceberg que teima em não derreter. As universidades e os seus centros de investigação, como importantes núcleos no contributo para o crescimento económico, deviam-se apoiar-se mais “em novas plataformas, ou redes formais de suporte, que facilita-se a transferência de conhecimento para a administração central e local”. Quem o defende é Helena Freitas, no artigo de opinião “A reindustrialização e o Papel das Universidades”, em Março deste ano no jornal Público, onde acrescenta que “estas estruturas, têm que estar activas e operacionais na aplicação dos próximos fundos comunitários de apoio a Portugal, sendo crucial eleger as áreas em que mais rapidamente podemos desenvolver actividade económica sustentável”. Por tudo isto, reclama-se “um forte empenho das universidades e dos seus melhores profissionais, que passaram a ter uma responsabilidade social que não podem, nem devem, declinar”.

Um estudo recente, Hays Global Skills Index 2013, publicado pela Hays plc, grupo líder global em recrutamento de profissionais qualificados, produzido em colaboração com a Oxford Economics, aponta Portugal como “um dos países onde há maior escassez de competências fundamentais para o crescimento das empresas”, sendo, assim, “imprescindível melhorar a comunicação entre as instituições de ensino e o mercado de trabalho”. Na lista, constam países tão diversos como a Irlanda, os Estados Unidos da América, a Hungria, o Reino Unido e até o Japão, comprovando que não existe uma ligação “clara” no que toca à performance económica e a eficiência do mercado de trabalho de cada país.

O papel da Universidade no Mercado de Trabalho - imagemPara mudar, é imprescindível contrariar a célebre frase de Miller Guerra (1912-1993) – “as universidades não se reformam por dentro, são corpos imobilistas, sem capacidade de mudança”, sendo necessário sair para fora de si mesmas, ajudando o país a reflectir e a encontrar caminhos. António Nóvoa, reitor da Universidade de Lisboa, chega a falar de uma universidade em Portugal historicamente muito fechada. Segundo o próprio, os únicos momentos de abertura foram originados por movimentos estudantis, crises académicas, ou seja, “movimentos que nasceram dentro das universidades, mas para além da própria estrutura universitária”. Para este reitor, “só conseguimos mudar se olharmos para fora. Sempre que olhamos para dentro, acabamos por justificar o que está. É preciso fazermos muito mais do que fizemos até agora”.

Por tudo isto, as universidades como centros do saber e principais pólos de investigação que são, têm que obrigatoriamente sentir-se parte do sistema económico, de modo a se poder aumentar os níveis de produtividade e de inovação, de preferência para novos produtos e novos mercados. Algumas instituições de ensino superior precisam também de readequar a sua oferta formativa, mais do que nunca é necessário que os cursos demonstrem a sua real utilidade para o país. Números como o da Faculdade de Economia da Universidade do Porto (FEP), em que apresenta uma taxa de empregabilidade de quase 100%, onde cerca de 50% dos alunos têm acesso ao primeiro emprego antes do fim do curso, 75% até três meses e 90% estão empregados até ao fim de seis meses, devem ser olhados como exemplos a seguir num país em que o desemprego atinge cerca de 40% dos jovens licenciados.

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