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O desfecho de Breivik

O dia 22 de Julho de 2011 ficará recordado na memória do mundo como o dia em que a Noruega ficou mergulhada no terror. Anders Behring Breivik, autor confesso de 77 mortes em Oslo e na ilha de Utoya, condenado a pelo menos 21 anos de prisão, teve a sentença que sempre desejou ao ser considerado são e, portanto, criminalmente responsável.

O massacre na ilha de Utoya, onde por aqueles dias decorria um acampamento da Juventude Trabalhista, foi perpetuado por um Breivik politicamente extremista, cujas convicções ideológicas de extrema direita lhe serviram de justificação para os ataques de 22 de Julho. Nas palavras do assassino, o massacre foi “atroz, mas necessário”.

Autor do manifesto “2083 – Uma declaração europeia de independência”, Breivik escreve sobre como erradicar o islamismo e o comunismo, ao mesmo tendo que exalta a xenofobia, a homofobia e a “elite europeia”. Terão sido estas convicções políticas e culturais, a par de outras igualmente ultra conservadoras, que o levaram a apelidar os massacres de “necessários” durante o mais mediático julgamento alguma vez consumado na Noruega.

Depois de plantar uma bomba junto à sede de governo norueguesa, em Oslo, no coração da Noruega, Anders Breivik seguiu rumo à ilha de Utoya onde atirou, à queima-roupa, sobre dezenas de jovens ali acampados. Metódico e calculista, Breivik preparou os ataques pacientemente para colocar em prática aquilo que classificou como uma espécie de vendetta contra aqueles que classificou como os “traidores da pátria”.

Em tribunal, o terrorista foi submetido a duas avaliações psiquiátricas. Uma delas concluiu pela inimputabilidade. Já a segunda classificou-o como mentalmente são à altura do massacre. O colectivo de juízes decidiu a favor da responsabilidade criminal, apelidando Breivik de “emocionalmente oco” e “incapaz de sentir empatia pelos outros”. O ‘Monstro de Oslo’ não se coibiu de demonstrar a sua satisfação quando foi lido o veredicto, no passado dia 24 de Agosto, uma vez já havendo declarado que preferia a morte ao internamento, destino que o aguardaria caso fosse considerado inimputável.

O que terá levado Anders Behring Breivik a cometer os ataques de Julho do ano passado não terão sido somente convicções políticas e ideológicas levadas ao extremo, tal como terão considerado os vários psiquiatras que avaliaram Breivik. O caso é, aliás, uma oportunidade para o estudo da mente dos assassinos em massa, que em raras ocasiões cooperam com os psiquiatras que os avaliam.

Se o primeiro relatório psiquiátrico aponta para esquizofrenia paranóide, a qual justificaria a sentença de insanidade, já o segundo aponta para um transtorno de personalidade narcisista, um traço de personalidade, não um distúrbio mental. Tipicamente, este transtorno é diagnosticado quando identificados determinados comportamentos, tais como arrogância, falta de empatia pelo outro, necessidade de se ser admirado, fantasia em realizar objectivos pessoais dificilmente atingidos ou necessidade em ser tratado de forma especial. Estes foram alguns dos traços de personalidade identificados em Breivik.

Frio e calculista, ao reconstruir o seu percurso pela ilha de Utoya durante o decorrer do julgamento, o terrorista não demonstrou sinais de arrependimento, embora não tivesse ficado indiferente. De sorriso arrepiante no rosto, Breivik não quer cair no esquecimento e garantiu que a sentença o agrada. De acordo com o próprio, a sentença não permite  desvalorizar ou ignorar as suas tão apregoadas crenças ideológicas.

Breivik não vai recorrer da sentença. Está impedido de pedir a liberdade condicional até perfazer dez anos de cadeia e à sua sentença poderão acrescer mais anos de encarceramento.

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