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(Não) ser mãe. Uma escolha?

Casar e ter filhos. A esta breve descrição de vida acrescentou-se estudar, arranjar um emprego e a liberdade de escolha da mulher. Hoje, advoga-se que a mulher tem a liberdade de escolher se quer, ou não ser mãe. No entanto, será que lhes é socialmente permitido não ter filhos?

O destino inevitável da mulher era ser mãe. Hoje, são cada vez mais as mulheres que não têm filhos. As dificuldades económicas, a precariedade laboral e a crise são razões para esta decisão. Porém, não são as únicas. Há quem não tenha filhos por uma escolha consciente.

Maria (nome fictício) afirma que nunca sentiu que devia ter filhos. Já Inês (nome fictício) diz que a opção de ser mãe seria um sacrifício demasiado grande. “Eu teria que abdicar de grande parte da minha vida e das minhas coisas por outra pessoa. Não me vejo a fazer isso”, explica.

De acordo com dados do INE, são 8% os adultos portugueses, que tal como Maria e Inês, em idade fértil não querem ter filhos. Estas mulheres não vêem a maternidade como uma prioridade e, por isso, assumem a decisão de não ter filhos. Esta opção já não é tabu, mas atrai a pressão social.

Entre amigos e familiares a pergunta de quando serão mães continua a ser ouvida. E depois de se afirmar que não se quer ter filhos a resposta varia entre a famosa expressão “mas não gostas de crianças?” e o “eu na tua idade também não tinha vontade”. “Não digo que as pessoas reajam mal, mas chutam para canto aquilo que eu digo, dizem que isto vai passar e que eu entretanto mudo de ideias”, refere Inês.

É cada vez mais comum que a mulher moderna opte por não ter filhos, de acordo com a psicóloga Maria Tereza Pacheco. Contudo, “ainda há uma pressão social muito forte sobre as mulheres, as quais parecem estar submetidas a uma falsa equação: ser mulher é ser mãe”, explica o psicólogo Mariano Torres.

Ser mulher não implica ser mãe. O desejo de ser mãe (ou não) não tem nenhuma causa fisiológica conhecida. A socióloga Catherine Hakim, autora do estudo Childless in Europa (Sem filhos na Europa), defende que o instinto maternal não existe. “É um mito para perpetuar uma certa obrigação moral nas mulheres para que tenham filhos”, afirma. E este mito existe, porque, segundo a socióloga, não queremos chegar a um ponto em que as mulheres se neguem a ter descendência. “Não queremos chegar a esse ponto, por isso, dizemos que é algo de ‘instinto maternal’, para que pareça um factor intrínseco ao facto de ser mulher”.

A falsa equação perpetua-se. Ser mãe continua a ser encarado socialmente como um dos papéis essenciais da mulher. No entanto, para a mulher que, hoje, trabalha todo o dia, ainda traz o trabalho para casa e trata do seu lar, para aquela mulher que corre de um lado para o outro e que gosta da sua vida tal como é, esse é um papel que não querem desempenhar.

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