São frequentes as vezes em que só quando já estamos num estado de stress autêntico que nos apercebemos de como provavelmente estamos a exagerar na forma como avaliamos a gravidade de uma situação. E só nesse momento começamos a tentar compreender como chegamos até ali, quais foram os pensamentos que o desencadearam e como reagimos tão automaticamente ao que se passou. É certo que há alturas em que a situação é grave, mas grande parte das vezes a maior preocupação é gerada pela forma como reagimos.
Preocupamo-nos com o que não conseguimos controlar: o trânsito, as atitudes dos outros, o tempo e até aquilo que hipoteticamente nos acontecerá. Planeamos a nossa vida em torno disso e julgamos que quanto mais prevenidos, mais preparados estaremos.
Estar preparado, planear e analisar vários possíveis resultados pode ajudar-nos a ultrapassar problemas e a conseguir atingir objetivos. No entanto, quando esta atitude envolve uma situação de stress permanente, valerá a pena?
Valerá a pena preocuparmo-nos com o que foge ao nosso controlo, com o que correu mal (e ficar a remoer no assunto), com a gravidade (relativa) de algo que parece o fim do mundo? Terá tudo isto importância dentro de um ano, um mês ou até uma semana? Valerá a pena vivermos a nossa vida em situação de preocupação constante com tudo o que nos rodeia, com todos os pormenores que deixamos escapar, com tudo o que de mal está a acontecer ou poderá acontecer?
Às vezes deixamo-nos levar pelas preocupações, complicamos tudo, tentamos interpretar significados escondidos, focamos a nossa atenção em detalhes e mais detalhes para que tudo seja perfeito, que nos esquecemos que, por vezes, o melhor que podemos fazer é deixarmo-nos levar. Tentar arranjar algo para rir numa situação menos boa, e simplificarmos assim a nossa vida.
Nem tudo precisa de ser levado tão a sério. Às vezes esquecemo-nos que, enquanto nos preocupamos com pequenos pormenores inúteis, pequenas preocupações sem importância, a nossa vida passa-nos à frente e nem temos tempo para a aproveitar realmente.
Tentar levar a vida num tom menos sério pode ser, muitas vezes, a solução para os problemas. E se pensarmos que sim, isso é possível mas para quem não tem nada com que se preocupar, só fazemos mal à nossa saúde mental e a nós próprios. Ainda que em diferentes escalas, todos o podemos tentar implementar no nosso quotidiano: não levar as coisas de forma demasiado pessoal, aceitar aquilo que temos, rirmo-nos até de nós próprios.
Isto não significa que não nos devemos preocupar com nada, mas sim que devemos escolher melhor aquilo que vale a nossa preocupação. Simplificar e tornar tudo um pouco mais leve. Para que não deixemos que as preocupações definam a nossa vida, para não sermos tão perfecionistas, para relaxarmos, para nos rirmos mais vezes, para que não seja o medo de parecer ridículo que nos impeça de fazer algo divertido, para não pensarmos tanto e, acima de tudo, para aproveitamos cada momento de uma forma mais saudável.