+1 202 555 0180

Have a question, comment, or concern? Our dedicated team of experts is ready to hear and assist you. Reach us through our social media, phone, or live chat.

Mudar de trabalho, sem mudar de sítio

Sorte ou azar, talento ou submissão são chaves de sucesso profissional? Sendo ou não, são certamente alguns dos agentes que determinam o nosso percurso. Somos nós os principais responsáveis pelas nossas motivações e pelo nosso crescimento pessoal e profissional. Se não nos sentirmos confiantes e convictos de que o nosso melhor tem de ser dado, então, a amargura, o desconforto e a negação vão ser os nossos principais inimigos, lado a lado, no nosso dia-a-dia nine to five.

Achamos que as oito horas dos nossos cinco dias de trabalho são um infortúnio e que aquele ramo, aquela área, aquela empresa, aqueles colegas não são os indicados, ou os que mais desejamos. Estes são os pensamentos que nós, enquanto trabalhadores e do lado de cá (o nosso), temos, mas, por outro lado, pode não ser este cenário negro que pintamos. Podemos estar constantemente a procurar argumentos que nos encorajem a perceber que o real problema não está no que nos rodeia, mas sim em nós.

Temos de conseguir olhar para o que nos marca da forma mais positiva hoje, mais do que olhámos ontem e amanhã, mais do que o dia anterior. Os constantes pensamentos “não gosto do trabalho que faço”, “o meu chefe é incompetente”, ou “não gosto daquele colega” não nos levam a bom porto e antes cavalgam para um degrau insustentável para quem não consegue travar a negatividade. Porém, factores como a economia, os desentendimentos familiares, ou, até mesmo, a limitação de oportunidades na nossa área profissional, contribuem para a construção de uma ideia possivelmente errada e que nos alimente a noção que a culpa não está em nós.

Gretchen Spreitze, professor da Universidade de Michigan, nos E.U.A, revela que “as pessoas ficam descontentes, quando o trabalho não tem sentido ou propósito, oferece poucas oportunidades de aprendizagem, ou as deixa empobrecidas ao fim do dia.” Garante que o descontentamento não tem de ser alimentado e que, ou a pessoa sai, ou fica. “A procura e mudança de emprego não é uma questão trivial. Tanto pode reflectir custos no impulso de carreira, como ganhos”, diz Amy Wrzesniewski, professor americano. O interesse é conseguir reunir o maior número de pontos de satisfação e rejeitar os negativos.

Especialistas reconhecem que devemos, cada vez mais, olhar para nós mesmos. Procurar um ponto de equilíbrio entre a satisfação em trabalhar e a disposição para o fazer é a maior ajuda que podemos encontrar para nós próprios, sobretudo se formos pessoas insatisfeitas por natureza. Existe sempre uma dualidade de posições: tanto as que têm uma atitude mais sisuda e de constante aura proibitiva, quanto as que mostram um rasgar de sorrisos que tornam o mais pequeno trabalho, uma glória.

Spreitze aconselha atitudes positivas e, sobretudo, a procura incessante por todos os pontos satisfatórios dos colegas, da empresa e do próprio trabalho para melhorar o agrado. Já Barsade, em concordância, acrescenta que as diversas e diferentes lentes pelas quais vamos olhar dependem das tarefas que desempenhamos todos os dias. Dá o exemplo de uma doméstica para ressalvar que também nesta profissão nos podemos sentir úteis, podendo ser uma rampa de lançamento a longo prazo. Em enfermagem, apesar de ser uma profissão desgastante, torna-se reconfortante pensar que, no fim dos turnos, ajudámos alguém a recuperar mais um bocado, ou totalmente. Devemos mostrar gratidão e compaixão e, fora do horário laboral, passarmos algum tempo com colegas com quem temos ligações. Permite-nos gozar de efeitos muito mais positivos, sobretudo aos níveis social e fisiológico.

Os especialistas dizem-nos que devemos alterar o que fazemos, através das responsabilidades profissionais. “Algumas pessoas fazem mudanças radicais e outros fazem pequenas mudanças”, garantem Spreitze e Wrzesniewski, como forma de redesenhar as 8 horas de um dia de trabalho. Devemos mudar a forma como interagimos e com quem o fazemos como forma de criar energia e satisfação. Pode não ser a cura de todos os males, mas é uma iniciativa que tem de ser criada por quem não se sente confortável. Temos por hábito dizer que “quem está mal que se mude” e é uma realidade aplicada para qualquer caso. Neste, pode-nos bastar mudar a forma como lidamos com os nossos elos de ligação.

Resistir à constante reclamação é um passo gigante de cautela. “Queixar-se sobre o seu trabalho é uma receita para problemas. Nunca sabe como as reclamações podem ser partilhadas entre outras pessoas da organização”, garante Spreitze. Manter todas as opções em aberto é outra forma de nos tranquilizarmos quanto à probabilidade de sermos contactados por outra empresa. Devemo-nos certificar, por exemplo, que o nosso currículo está actualizado.

Thomas Heffner é engenheiro no Laboratório de Física Aplicada da Universidade de Johns Hopkins e integrou, há oito anos, o Departamento de Defesa dos Estados Unidos da América. Abraçou um trabalho puramente técnico que não se enquadrava na sua perspectiva de “emprego de sonho”. Tornou-se numa pessoa ainda mais desmotivada quando, cinco anos depois, passou a gerente de projecto.

Heffner tinha particular interesse em interagir com as pessoas e o trabalho que desenvolvia era isolado e individual. A hipótese de deitar as cartas à mesa e sair era rival das condicionantes pessoais, que não o permitiam. Optou por remediar o cenário com aulas de psicologia organizacional e engordar o interesse nas tarefas. Propôs à empresa o desenvolvimento de um curso de psicologia positiva e, pouco tempo depois, já estava a ministrá-lo. “Antes de começar com estas mudanças, a minha satisfação no trabalho era provavelmente de 3 [numa escala de 1-10], mas agora é de 7”, diz o engenheiro. Acredita que pode atingir a escala máxima se continuar a fazer o que gosta.

Assim, como Heffner, também nós, enquanto trabalhadores, devemos tentar atingir a nossa própria motivação e zelar pelo nosso bem-estar, tanto pessoal, quanto profissional, potenciado o espírito positivo que todos nós, no fundo, temos.

Share this article
Shareable URL
Prev Post

Palavras no pódio

Next Post

Sorte diferente para as equipas portuguesas

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

Este site utiliza o Akismet para reduzir spam. Fica a saber como são processados os dados dos comentários.

Read next

O Poder do Storytelling

Admitamos, todos nós gostamos de uma boa história. E existe toda uma ciência por trás do conto de uma. Seja numa…