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Lamar Odom não é uma estrela de Reality Show, é um campeão da NBA

Nos últimos tempos, o senso comum ouviu falar do nome Lamar Odom. Quando falo em senso comum neste contexto, falo de pessoas que não seguem basquetebol, de consumidores de notícias que não sabem o que significa NBA e da população que gosta de ler títulos nas redes sociais que carecem de contexto. A crítica negativa e o julgamento moral – ou imoral – de um ex-atleta que foi encontrado inconsciente num bordel, com substâncias ilegais no organismo, entre outras coisas, é fácil. É fácil criticar o que não se conhece. Sem contexto, o individuo mais bondoso do universo pode passar pelo mais maléfico, o criminoso mais brutal pode passar por um senhor simpático. Por isso, como o Repórter Sombra foi construído em redor de informação com contexto, aqui o segue, em nome de Lamar Odom.

O norte-americano começou a carreira na NBA, em 1999, nos Los Angeles Clippers, onde jogou, durante quatro anos. Foi escolhido na quarta posição do Draft (momento de selecção dos melhores novos talentos do basquetebol por parte das equipas da liga) e, consequentemente, já detinha alguma expectativa à sua volta. O que não se esperava era que a exibição no primeiro jogo fosse tão impactante: 30 pontos e 12 ressaltos! Para quem não sabe, são números dignos de melhor jogador da NBA, caso sejam replicados com regularidade. Como é normal, os números não foram sempre esses, ainda assim, terminou a época de novato com médias de 16.6 pontos por jogo, 7.8 ressaltos e, ainda, 4.2 assistências, registos que lhe valeram um lugar na equipa ideal dos novatos de 1999. Estava formada a principal característica de Lamar Odom: este atleta sabia fazer tudo e fazia tudo bem!

Nos anos seguintes, Odom continuava a ser um jogador acima da média, mas os Clippers eram uma equipa débil, que nunca se conseguiam apurar para a fase final do campeonato, para a fase das decisões. Na época de 2001-2002, o atleta chegou mesmo a ser suspenso pela NBA, por não cumprir a política anti-droga da liga, pela segunda vez, em apenas oito meses. Sim, os problemas não surgiram do nada na vida de Lamar, eles já existiam e só com muita determinação, devoção e coragem foram sendo disfarçados, enquanto percorria um caminho cheio de talento e possibilidades na modalidade a que se dedicou. Com o seu desenvolvimento nos Clippers estagnado, surgiu a oportunidade de vestir a camisola dos Miami Heat, em 2003.

Em South Beach, Odom foi feliz, ainda que apenas por uma temporada. Contribuiu, ao lado de Dwyane Wade, para levar a equipa aos Playoffs, algo que não era habitual. Passaram inclusive a primeira ronda, acabando por serem eliminados por uns Indiana Pacers, muito fortes e experientes na altura. Odom alcançou médias de 17.1 pontos por jogo e 9.7 ressaltos. Enorme! Foi, também, nesta temporada que o atleta conseguiu o seu primeiro Triplo-Duplo – nome que se dá, quando se consegue dois dígitos em algum elemento positivo do jogo. Foi frente aos Sacramento Kings, com uma exibição em que totalizou 30 pontos, 19 ressaltos e 11 assistências.

Quem diria que o melhor ainda estava por vir? E quem diria que esse melhor incluiu ser trocado para os históricos Los Angeles Lakers, numa troca que também envolveu Shaquille O’Neal e que colocou, este, um dos melhores de sempre, em Miami, deixando os Lakers com uma equipa frágil pela primeira vez em quase dez anos?

A primeira época de purple and gold – cores dos LA Lakers – foi complicada em termos colectivos, uma vez que a equipa não atingiu os Playoffs, depois de ter sido tricampeã e finalista vencido nos anos anteriores. Em termos individuais, Odom assumiu as responsabilidades e foi o segundo melhor jogador da equipa, logo atrás do incomparável e intocável, Kobe Bryant. As temporadas de 2005/06 e de 2006/07 foram semelhantes. Odom batalhou com algumas lesões que atrapalharam o seu desempenho, mas foi conseguindo algumas marcas de registo, tais como Triplos-Duplos consecutivos pela primeira vez na sua carreira e médias a rondar os 15 pontos por jogo e os 9 ressaltos por jogo.

Depois, a primeira final! No ano em que os Lakers adquiriram o espanhol Pau Gasol, Odom acabou por ser o terceiro elemento mais preponderante dos finalistas vencidos da liga. Com assuntos pendentes, o extremo dos Lakers chegou fora de forma ao início dos trabalhos da temporada de 2008/09. Esse acontecimento acabaria por ser decisivo para Phil Jackson – um dos melhores treinadores de sempre e treinador dos Lakers na altura – relegar o jogador para o banco de suplentes. Porém, desengane-se quem pensa que isso foi o início do fim para Odom. Muito pelo contrário, a mudança assentou na perfeição. Lamar adaptou-se ao seu novo papel e nem por isso os seus números baixaram substancialmente. Os Lakers acabariam por bater os Orlando Magic na final da NBA e um campeão nasceu nesse momento. Um campeão que, sublinho, era o terceiro/quarto jogador mais influente da equipa em termos desportivos e, também, em termos de estabilidade de balneário, acarinhado por todos os fãs da equipa.

Por esta altura, penso já ser claro que não estamos a falar de uma estrela de reality show, correcto? Se ainda não for suficiente, há mais:

Na época posterior, os Lakers entram com o objectivo de defenderem o estatuto de campeões da NBA. Odom, que tinha sido cobiçado por outras equipas pelo facto de estar em fim de contrato, acabaria por renovar com a equipa de Los Angeles e voltar a jogar ao lado dos principais companheiros: Kobe Bryant, Pau Gasol, Andrew Bynum, Derek Fisher e, com a nova contratação e amigo de infância, Ron Artest. O resultado? Mais uma temporada de bom nível de Odom, uma final épica com os maiores rivais, Boston Celtics, e mais um título de campeão para os Lakers! Afinal, não estamos a falar de um campeão da NBA, estamos a falar de um bicampeão.

Se a época de 2010/11 acabou por não ser feliz em termos colectivos, no que diz respeito ao mérito individual, Lamar Odom esteve em grande destaque ao vencer o Prémio de Sixth Man of The Year. O galardão premeia o melhor jogador suplente de toda a NBA.

Depois disso, os Lakers acabaram por dispensar o jogador e a carreira de basquetebolista praticamente acabou, com passagens fugazes pelos Dallas Mavericks, Los Angeles Clippers e pela Europa, mais propriamente em Espanha.

Para além do mundo desportivo, Odom passou por muito e teve uma vida bastante atribulada, o que condicionou fortemente em algumas decisões menos boas que tomou. Com uma infância já de si complexa e rodeada de drogas, Lamar perdeu um filho, viu um primo chegado ser assassinado e esteve envolvido – apenas porque ia no banco de trás do automóvel – num acidente que acabou por vitimar  um adolescente que seguia numa bicicleta. O jogador chegou a declarar que atraia a morte e colocava em perigo todos os que o rodeavam. Aqui, neste texto, são só palavras, mas na vida real foram acontecimentos trágicos que mudam a vida, para pior, mesmo da pessoa emocionalmente mais estável.

Lamar Odom não foi o marido de Klhoé Kardashian, Lamar Odom é um lutador ao longo da vida e um desportista de eleição. Agora, livre de perigo do mais recente incidente, aquele que falei a abrir o texto, Lamar tem uma segunda oportunidade para prosseguir o seu caminho, sempre relembrado como campeão que ele é e será, aconteça o que acontecer.

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