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Jesus foi casado?

“Jesus disse-lhes, a minha mulher” é a frase inscrita num papiro datado do século IV que relança o debate sobre o mito ou facto de Jesus ter sido casado.

O fragmento, com dimensões de um cartão de visita, foi baptizado de “evangelho da mulher de Jesus” por Karen King, professora na Universidade de Harvard e autora da divulgação do papiro numa conferência em Roma.

Até que ponto esta descoberta pode ter repercussões na doutrina cristã e na forma como as mulheres são vistas? A investigadora de Harvard considera que é demasiado cedo para tirar quaisquer conclusões e sustenta que “a tradição cristã há muito defende que Jesus não era casado, apesar de existirem provas históricas fidedignas que apoiam essa teoria”. O próprio valor histórico do documento leva a que Karen King indique que “este novo evangelho não prova que Jesus era casado, mas diz-nos que o tema só surgiu como parte de um intenso debate sobre sexualidade e casamento”.

Começaram a surgir indicações de que Jesus não tinha sido casado a partir do ano 200 d.C através de Clement de Alexandria, um teólogo apologista desta questão. “Desde o início, os cristãso discordavam sobre se era melhor não casar, mas só um século após a morte de Jesus começaram a recorrer ao estatuto marital de Jesus para defender as suas posições”, acrescenta a Professora.

Fragmento do Papiro

A persistência na ideia de que Jesus nunca tinha casado foi, desde sempre, bem demarcada pela Igreja Católica que se confrontou frequentemente com o desígnio contrário. A publicação de “O Código da Vinci” fez ressurgir a ideia de que Jesus não só era casado como também tinha filhos. Igreja Católica e cristãos contestaram.

O papiro que coloca em causa centenas de anos de crença numa realidade hoje impugnada não agita a fé dos peritos no novo evangelho. O fragmento que deverá datar do século IV é a tradução de um texto grego com frases incompletas: “A minha mãe deu-me a vida (…) os discípulos perguntaram a Jesus (…) negou. Maria é digna disso (…) Jesus disse-lhes: a minha mulher (…) poderá ser minha discípula (…) que os malvados rebentem (…) no que me respeita, viverei com ela por (…) uma imagem.”

António Piñero, especialista contemporâneo na matéria, garantiu ao jornal Público que a importância do documento “é muito escassa” uma vez que a frase “Jesus disse-lhes: a minha mulher (…) poderá ser minha discípula”, que mais polémica gerou, não traz nada de novo. Evangelhos copto-gnósticos da Biblioteca de Nag Hammadijá faziam referência a uma suposta relação entre Jesus e Maria Madalena.

Karen L. King chega mesmo a admitir que as palavras – “ a minha mulher” – podem ter surgido em sentido figurado e que por isso nada comprova que a relação entre Jesus e Maria Madalena fosse marital.

A revista The Harvard Theological Review vai publicar um artigo com a avaliação científica do documento. Existe a necessidade de se provar a veracidade do fragmento e de perceber as circunstâncias que o revelaram. Testes como a composição da tinta vão permitir que essa avaliação seja feita.

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