+1 202 555 0180

Have a question, comment, or concern? Our dedicated team of experts is ready to hear and assist you. Reach us through our social media, phone, or live chat.

Grafitti na Roma Antiga

Quando pensamos em latim, automaticamente pensamos nos grandes escritores clássicos: Virgílio, Cícero, Horácio, entre outros. Porém, esquecemo-nos que, na sua época, também esta era a língua falada e, mais surpreendentemente, a escrita em diversas paredes dos edifícios de Roma Antiga, um pouco como os nossos actuais e modernos grafitti. Efectivamente, a pintura mural acompanhada de dizeres encontra-se em diversos edifícios, desde Roma a Pompeia. Este facto apenas recentemente despertou o interesse dos historiadores, por permitir conhecer melhor grupos sociais que não pertenciam às elites, ou até mesmo de grupos marginais, possibilitando uma visão mais profunda da Roma Antiga.

Muitos dos grafittis são compostos por desenhos obscenos, nomeadamente falos, símbolos de boa sorte, que se podem encontrar no interior das galerias do próprio Coliseu, ou actos sexuais, como os desenhados nas paredes de um estabelecimento comercial na denominada Via di Mercurio, em Pompeia. Outros grafitti são simplesmente escritos e também de teor erótico. No exterior da basílica de Pompeia, pode-se ler “Lucilla ex corpore lucrum faciebat” – “Lucília faz dinheiro do seu corpo”. Numa parede próxima, lê-se: “Sum tua aeris assibus II” – “Sou tua por dois asses”.

Embora o sexo fosse um assunto vulgar nos grafitti, o amor também o era. Em Pompeia, na casa de Pinarius Cerialis pode-se ler: “Marcellus Praenestinam amat et non curatur” – “Marcelo ama Praestina, mas ela não se interessa por ele”.

A política era outro dos assuntos populares na Roma Antiga. Também em Pompeia se pode ler o seguinte slogan: “C. Iulium Polybium aedilem oro vos faciatis. Panem bonum fert” — “Peço que façam C. Júlio Políbio edil. Ele faz bom pão.”

A alimentação era também um dos temas recorrentes. Encontram-se diversos anúncios a “garum”, um condimento muito apreciado na época e produzido a partir de sangue e vísceras de pescado, deixado em salmoura e ao sol durante dois meses e exportado para todo o mundo conhecido de então. Até uma lista de compras se pode encontrar numa das ruas de Pompeia: pão, pão para o escravo, azeite, alho-porro, queijo, peixe e cebola.

As próprias obras clássicas podiam servir de inspiração. Numa porta enquadrada por frescos, pode-se ler: “Fullones ululamque cano, non arma virumque” – Eu canto os lavadeiros e a coruja, não as armas e o homem”. Este grafitti remete para o primeiro verso da Eneida de Virgílio, “Arma virumque cano” – Eu canto as armas e o homem”, fazendo um elogio à profissão de lavadeiro, provavelmente a de quem a escreveu, e a sua Deusa protectora, Minerva, representada pela coruja.

Share this article
Shareable URL
Prev Post

A pergunta que inquieta o Homem

Next Post

O dia em que o mundo parou – 1

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

Este site utiliza o Akismet para reduzir spam. Fica a saber como são processados os dados dos comentários.

Read next

Os órfãos de filhos

Nascer, crescer, multiplicar, morrer. Monocórdico, simples, directo, inevitável. O ciclo nunca termina e…

O Vale Tudo dos jornais

Num acto de revolta retirei há dias o meu “gosto” da página do Facebook dum jornal online recém-criado. A fome…