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Fifty Shades of Grey por Ele

A esta altura, os psicanalistas “esfregam as suas mãos”, enquanto teorizam teses sobre a frenética adesão de Fifty Shades of Grey, o fenómeno literário que nasceu dos fóruns de Twilight e que recentemente foi convertido a uma obra cinematográfica.

Reconhecendo que para criticar filmes é necessário ter um pouco de conhecimento de psicologia, a verdade é que em relação ao hype envolto sou um deveras ignorante. O que vejo é um livro escrito por uma “autora” que desconhece o tema de sadomasoquismo e que as une com um universo digno de Twilight. Para além disso, falo de um “produto” que realça uma fantasia anti-feminista, já que existe a dominação do homem não apenas em termos sexuais, mas também no quotidiano da mulher. Longe dessa leitura mais aprofundada e psicanalítica, o que vemos é um pseudo-romance com todos os tiques e mimetizações da referida saga dos vampiros brilhantes, tendo as insinuações sexuais das mesmas sido substituídas por encenações softcores (no filme), enquanto, no livro, somos remetidos a uma epístola pornográfica e hipérbole no cariz erótico (parece que as leitoras de Twilight cresceram e alteraram a sua gustação).

Porém, a grande desvantagem do filme é essa isenção do erotismo, uma contradição ao marketing envolto e do anunciado regresso do cinema erótico. Sublinho, apenas anunciado. Talvez seja essa vertente, a falta de grandes produções com a temática sexual, principalmente para os lados de Hollywood, que cada vez mais se preocupa em fazer filmes para adolescentes e crianças, fazem com que Fifty Shades of Grey seja motivo de pelo menos meio bilhete.

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Será Christian Grey um modelo a seguir para os namorados?

De um lado mais cinematográfico, o esforço de Sam Taylor-Johnson, a realizadora do independente Nowhere Boys (que nunca chegou a estrear em Portugal), em atribuir alguma dignidade à má matéria-prima é reconhecível. Aliás, é a sua estética, a sua realização encorajadora que torna Fifty Shades of Grey longe do amadorismo gerido pelo marketing. O resto é aquilo que se esperava. Resumidamente, somos envolvidos por maus diálogos, comicamente involuntários, personagens descartáveis e situações ridículas que apenas complementam a narrativa, sendo que, de certa maneira, compensam o que de muito foi cortado do livro, nomeadamente as “escandalosas” sequências de sexo que todas as mulheres falam sem pudor.

O que ficamos é com uma descarada hipocrisia, enquanto que a pornografia é condenada, este pseudo-erotismo é aceite pela sociedade consumidora. E continuando a hipocrisia, vivemos num mundo em que o sexo está à distância de um clique, a nossa sociedade é exaustiva para com esse conteúdo e para ser sincero já surgiram filmes mais escandalosos nas nossas salas. Recordo que Lars Von Trier concretizou em duas partes Nymphomaniac, que chegam a fazer corar estas “sombras”. Sucesso indevido e desnecessário!

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