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Existe racionalidade nas decisões irreversíveis?

Embora algumas decisões que vamos tomando ao longo das nossas vidas sejam totalmente reversíveis ou, pelo menos, com danos que conseguimos controlar, há decisões que tomamos mesmo tendo consciência da sua irreversibilidade. Decisões como ter um filho ou o simples ato de fazer uma tatuagem são irreversíveis e acompanham-nos ao longo de toda a nossa vida, independentemente do que sentimos face a essas decisões.

Quando alguém decide ter um filho – quer seja mãe ou pai -, o que está por detrás dessa decisão? Será apenas a vontade de termos algo nosso, alguém que nasce do amor entre duas pessoas? Será essa decisão baseada no chamado instinto maternal ou paternal? Ou será que existe alguma racionalidade por detrás de uma decisão para a vida?

Acredito que, quando decidimos ter um filho, fazer uma tatuagem ou qualquer outra coisa que implique um compromisso para a vida, tentamos, de forma racional, pesar os prós e os contras, de modo a percebermos se, racionalmente, queremos aquilo. No entanto, mesmo que os contras sejam maiores do que os prós, se o nosso instinto nos disser para fazermos aquilo porque, no momento, é o que queremos, parece-me que essas decisões irreversíveis acabam por ser tomadas.

O que nos comanda, enquanto seres humanos, é, mais do que a Razão, a Emoção. O nosso estado emocional consegue sobrepor-se àquilo que sabemos ser certo ou errado, bom ou mau, melhor ou pior. Na verdade, o instinto de uma mãe ou pai que querem muito ter um filho sobrepõe-se aos contras que um filho possa trazer: desde os inconvenientes da gravidez e do parto, passando pelas noites mal dormidas e pelo desespero do pós-parto e chegando, inclusive, à questão de haver, para sempre, alguém que depende, de certa forma, de nós. Quaisquer argumentos racionais como os que acabei de mencionar dissipam-se perante a vontade de se ser mãe ou pai. O instinto maternal/paternal, ou seja, no fundo, a Emoção, sobrepõe-se a quaisquer argumentos racionais que, por muito válidos que sejam, não nos tiram a sensação de querermos cumprir aquele desejo que tanto temos.

Somos seres humanos. Mais do que pensar, sentimos. Sentimos de uma forma muito intensa, porque fomos feitos para sentir e para nos deixarmos levar por esses sentimentos, sejam eles mais emocionais ou mais físicos. E a prova disso é que, por vezes, sabemos que algo é errado e, ainda assim, teimamos em fazê-lo, acabando magoados. Vivemos num ciclo um tanto masoquista, no qual sabemos que precisamos de bater com a cabeça para aprender e, portanto, estamos prontos a encontrar uma qualquer parede que nos faça sentir essa dor e nos permita essa aprendizagem – mesmo que o nosso lado racional nos diga, explicitamente, que não é esse o nosso caminho.

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