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Estação 2014/2015

Os motores para a nova temporada do futebol nacional (2015/2016) já estão a aquecer, como é natural, dado estarmos no mês em que os balanços da anterior estão praticamente efectivados e é já tempo de projecções. A competição rola ainda com o Campeonato do Mundo de selecções na categoria de sub-20 e alguns encontros entre as selecções maiores, com vista à preparação e/ou apuramento para o Europeu de 2016.

Recomecemos a sério, então, o que aqui queremos elevar. Caiu o pano no que à temporada futebolística diz respeito, descerrando um painel escondido há 31 anos. O Benfica sagrou-se bicampeão depois de três décadas quase amorfas de domínio, sobretudo, do Porto. Figura maior no feito tem nome simbólico – Jorge Jesus. E o feito, aqui, espalha-se numa série de números e factos que convém relevar. O português foi o único na história do clube da Luz a conseguir estar seis anos à frente da equipa, juntando um total de dez títulos. Uns maiores, outros nem tanto, mas títulos, palavra à qual benfiquistas imberbes acusavam ignorância. Foram – entra aqui um tempo verbal passado, lá está, por já estarmos em fase de profecia (e por Jesus já estar anunciado no Sporting – contas para outro capítulo) – anos gloriosos, adjectivo querido de sócios, adeptos e simpatizantes do Benfica, não apenas pelos ditos títulos, mas essencialmente pela requalificação indiscutível que se viu por aqueles lados. É que, no que respeita à Primeira Liga portuguesa (que os patrocinadores acharam graça chamar Liga NOS), nos seis campeonatos em que houve um Benfica de Jorge Jesus, três ficaram mesmo pela Luz, dois foram perdidos à tangente e um foi utopia dizimada por um Porto de Villas Boas competente, sagaz e oportuno. Trocado por miúdos, o Benfica esteve decididamente a discutir campeonatos e, mostram os números, a ser melhor. Mais vezes, pelo menos.

Campeonato esquisito, o que acabou. Benfica vencedor, menos bonito que em anos passados e nota artística menor, conforme Jesus gostava de referir. Maior experiência – a mais elevada média de idades dos jogadores que treinou nos seis anos. Sabedoria de quem está cansado da quase vitória, estoicamente roubada em derradeiras oportunidades, como em anos relativamente recentes ocorrera. Porto vencido, cenário provável, dados os furacões que assolaram os primeiros meses de época no clube do norte. Treinador espanhol, Lopetegui, Julen Lopetegui, o nome. Raiz basca de mínima experiência em clubes, de elevada satisfação aquando da passagem, longa, pelas camadas jovens da selecção espanhola. Com ele, ventos espanhóis sopraram, desde o país vizinho. Ventos, contactos e jogadores. Prestígio intocável, sonhos legítimos e aspirações altas. Caídas por terra. A pouca estabilidade da formação base da equipa nas primeiras grandes guerras era, porém, esquecida com números convincentes vindos da Liga dos Campeões. Todavia, nas batalhas mais sérias, o Porto, aquele de Villas Boas já mencionado, não ressurgiu e os resultados foram invariavelmente decepcionando os que acreditavam no novo revestimento do clube. Ainda assim, menção seja feita a uma das três melhores temporadas da história do Porto. Inglório, porque em nada resultou.

Sporting alegre, de cores tão vivas quanto as que ostenta. Irreverente e vertical, de imagem bem caracterizada, cópia do fiel escudeiro, Marco Silva. Novo por aqui. Até chegar a Alvalade, o que conhecia de Primeira Liga era um Estoril modesto, que soube levar dois anos consecutivos à Liga Europa (em dois possíveis). Também ele, à luz do que acontecera a Lopetegui no Dragão, figura para encetar um novo período, como que mandato determinante, não fora ter assinado por quatro anos pelo Sporting. Pouco mudou, em relação ao ano passado, no qual Leonardo Jardim pôs o clube em 2º lugar. Arestas definidas em jogadores formados no clube, com rasgos de exuberância tímida para outros que despontaram em diversas paragens e se notabilizaram por lá. Resultados interessantes, a nível interno, a nível externo não foram, ainda assim, suficientes para que o carisma do presidente Bruno de Carvalho cedesse. Tudo misturado, o Sporting perdeu apenas 7 jogos, num total de 53. Empatou mais, sobretudo, na primeira metade da temporada. Também aí perdeu por 3-0 em Guimarães, sendo punida verbalmente, pelo presidente, sem filtros, no Facebook. Intromissões externas fizeram também estremecer a confiança na tal imagem polida que Marco Silva sempre aparentara, ainda que os adeptos não quisessem dele abrir mão. E, retome-se, bólides a afinar para 2015/2016, revelam Jorge Jesus (sim, o mesmo do Benfica), sportinguista de coração, a re-revolucionar o clube. Não dá para profetizar.

Também houve Taça de Portugal. Quis o destino, se é que ele aqui tem palavra, que fosse a primeira a decidir-se por grandes penalidades. Quiseram os resultados que Sporting e Braga, o 3º e o 4º do campeonato, lutassem pela prova rainha. O Braga esteve nos 2-0, com um jogador a mais, mas Marco Silva (o quase-treinador-despedido) empurrou a equipa para o empate e para uma estucada final que lhe deu o primeiro título da carreira, o primeiro seu no Sporting (que não vencia um há sete anos), mas também último. Ganhou o título e intitular-se-ia, dias depois, um treinador livre.

Ah! E a Taça da Liga. Um disco riscado. Sim, o Benfica, de Jorge Jesus (o que já é do Sporting) venceu. Outra vez. A quinta. O Marítimo foi o adversário. Também aqui houve inferioridade numérica – os da Madeira jogaram muito tempo com menos um. Não o suficiente para não ambicionarem o empate – que conseguiram. Porém, o tal Benfica maduro não quis grandes penalidades, soube ser lúcido, como o ano ilustrou e conseguiu.

Valerá a pena relembrar também a conquista da última vaga europeia. Foi o Belenenses que a conseguiu. Foi o Belenenses o clube que esteve mais forte ao longo do ano. Curiosamente, parece regra, foi com os melhores números em aproveitamento da última década que a direcção do clube resolveu despedir o treinador Lito Vidigal, que começou a sugerir o epíteto europeu do clube. E foi melhor, porque foi mais constante na luta que incluía também Paços de Ferreira, Nacional da Madeira, Marítimo e Rio Ave.

O futebol são vitórias memoráveis, admiração pelo belo e os sorrisos que daí advêm. O futebol é também o reverso da medalha, sensações diametralmente opostas. São lágrimas pesadas e descrença absoluta. Analogia que reflecte o que sentem os clubes promovidos (Tondela estreante e União da Madeira repetente – três clubes do Funchal na próxima edição da Liga, pela terceira vez) e aqueles que tombam com o desejo do rápido regresso (Gil Vicente e Penafiel). Analogia que reflecte o ambiente das finais europeias, que deslumbram e engalanam os finais de cada temporada e que este ano voltaram a coroar espanhóis – Barcelona na Liga dos Campeões, Sevilha na Liga Europa, mas também ignoraram vontades de Juventus e Dnipro, respectivamente. Analogia que é própria de uma paixão que move culturas e comove o mundo. Porque é imprevisível e porque se renova a cada estação. Venha a próxima!

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