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Equador, de Miguel Sousa Tavares

Não sei qual é o desafio mais importante do leitor. Para mim, é pegar num livro e desconhecer, por completo, o seu conteúdo. Equador foi um desses casos e devido a esse facto, tardiamente o encontrei. Miguel Sousa Tavares escreve sobre a história portuguesa, a história feia da nossa enorme tela histórica.

Será difícil escrever a crónica sem deixar escapar qualquer pista sobre o enredo, e ao mesmo tempo, despertar a curiosidade honesta por tamanho livro. O livro situa-se no início do século XX, o século de altos e baixos, voltas e reviravoltas no panorama político português. Também por isso, o estilo quotidiano da sociedade era bastante diferente a tudo o que conhecemos. Levemente, MST consegue transmitir esse ambiente, principalmente as horas de ócio dos grupos reservados e com condições económicas para melhor aproveitar a capital portuguesa. Aqui, conhecemos o protagonista, Luís Bernardo, o companheiro de uma longa aventura. Com ele, vamos entender os valores da época, não retratados na personagem, e que servirão para marcar uma página negra na nossa história. Como é seu hábito, MST consegue nos levar numa viagem pelas palavras. Neste caso, transporta-nos levemente para a Índia mas, sobretudo, suspende as nossas mentes numa varanda duma quente S. Tomé, todas as noites, na companhia de música clássica e digestivos.

Nada adiantei do enredo. Não é nada de complexo mas sim, incrivelmente estimulante e surpreendente. A escrita é agradável e fluente; podemos encontrar linguagem cuidada e expressões populares como “pôr-me ao fresco”. As personagens são interessantes, mas em Luís Bernardo, naturalmente, o mais desenvolvido, encontrámos um companheiro de viagem e um tipo onde só podemos, no mínimo, simpatizar. Em Portugal sempre se escreveu e escreve bem, na minha opinião. Impossível é ler e acompanhar tudo o que sai. Mas arrisco as minhas fichas literárias; de tudo o que foi publicado nestes quinze anos, neste novo século, será esta a melhor obra portuguesa desse período.

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