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Eis Paris: a fotografia e história de Arte

Em 2011, o Centro Georges Pompidou adquiriu a colecção fotográfica de Christian Bouqueret, o último grande arquivo de fotografia francesa do período entre as duas guerras mundiais, ainda em mãos privadas. Esta aquisição, graças ao mecenato privado da marca Yves Rocher, permitiu a montagem da exposição intitulada Voici Paris – modernités photographiques 1920-1950. Composta por uma selecção de cerca de 300 fotografias das sete mil que compõem o arquivo, a exposição abarca alguns dos grandes ícones da história da fotografia da primeira metade do século XX. O acervo foi reunido desde o final da década de 70 por Christian Bouqueret e é composta por originais dos mais de 120 fotógrafos activos na capital francesa entre os anos vinte e quarenta, retratando essa mesma cidade. Nomes mais conhecidos como Man Ray, Kertész, Krull, Dora Maar, Brassaï, mas também de Moral, Steiner, Zuber, são alguns dos exemplos que constam da lista e são o exemplo da diversidade que caracterizam esta colecção, tornando-a num espólio único para o estudo da fotografia moderna em França, durante a década de 30, sobretudo por reunir fotógrafos de diferentes nacionalidades.

A exposição em questão, inaugurada em Outubro do ano passado e que encerrou a 14 deste mês, contou um pouco dessa história, de um pós-guerra em que fotografia é marcada pela emergência de novas correntes culturais, como o surrealismo, as questões políticas, as preocupações sociais e as inovações técnicas, nomeadamente o advento da imprensa ilustrada. São apresentadas as grandes tendências visuais do período em questão e a diversidade das temáticas abordadas pelos fotógrafos.

Quentin Bajac era o chefe de gabinete de fotografia no Centro Pompidou, tendo sido esta a sua última exposição, antes da sua partida para Nova Iorque, já no início deste ano, onde dirige actualmente o departamento fotográfico do Museu de Arte Moderna (MoMA). Entrevistado para o Le Figaro, mostrou alguma da sua visão sobre a arte da fotografia. De facto, considera que dificilmente se poderão aplicar noções de história de arte à fotografia. Mesmo o termo obra-de-arte, aplicado à fotografia é inconsistente, uma vez que esta não é um objecto único e a própria percepção no tempo das fotografias varia. Nesse sentido, prefere o termo ícone, significando aquelas imagens que são referenciais na história da fotografia. Assim, a difusão inerente à própria fotografia está contemplado nessa mesma noção.  Exemplo de ícone, é a “Boulevard du Temple”, de Daguerre, de 1839, que esteve desaparecida, durante muitos anos, até ser publicado 110 anos depois. A sua antiguidade e o facto de estar tanto tempo desaparecida construíram o seu valor. Pelo contrário, Lartigue, fotógrafo que dedicou toda a vida esta arte, cuja imagem mais conhecida é a de um carro num Grande Prémio, que na sua época nunca foi publicada, nem sequer vista. Ou a foto de Marc Riboud, publicada na revista Life em 1953, foi esquecida, durante trinta anos, para ser agora recuperada.


Voici Paris – Modernités photographiques… por centrepompidou

Várias características, no seu entender, concorrem para a beleza da fotografia: a raridade, o valor, a qualidade da tiragem, mas, sobretudo, deve reflectir um momento excepcionalmente rico a nível formal. Para isso, há mil e uma formas de fazer a fotografias, não existindo uma receita infalível. A exposição de fotografias é mais difícil do que a de pintura, pois corresponde a uma lógica diferente, requerendo uma grande dose de educação do próprio público. Até porque geralmente os fotógrafos trabalham uma ideia de um conjunto – escolher só uma fotografia desse conjunto é como mostrar apenas uma iluminura de um Livro de Horas. É preciso também ter em conta todos os materiais utilizados na preparação da fotografia, como negativos e folhas de contacto e que de certa forma reflectem todo o trabalho preparatório realizado antes do trabalho final.

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