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É tempo de Natal!

A história do Natal é muito antiga e tem imensos anos, mais do que se possa pensar. Já se conhecia pelo menos sete mil anos antes do nascimento de Cristo e era uma manifestação colectiva que tinha como função celebrar a noite mais longa do ano no hemisfério norte. É o chamado solstício de Inverno e o sol começa a avançar lentamente até à chegada do Verão.

Estamos perante o homem ignorante de ciência, mas repleto de senso comum. Deixou de ser caçador recolector e, depois de ter olhado para a natureza e ter percebido os seus ritmos, constrói casas e forma as aldeias. As sementes são colocadas na terra e precisam de tempo para crescer. Inventou a agricultura. Os dias grandes eram sempre de alegria e podiam durar muitos dias a festejar em pleno.

Na Mesopotâmia não paravam de comemorar, na Grécia Antiga festejavam Dionísio, o deus do vinho, os Egípcios recordavam o deus Osíris e na China usavam o símbolo do yin-yang, a harmonia com a natureza. Na Grã-Bretanha, em 3100 ac. Stonehenge enchia-se de pessoas para saudar o sol e a sua passagem para uma maior fertilidade e luz. Em Roma, o deus persa Mitra, celebrado no século II, acontecia no dia 25 de Dezembro e era o símbolo da luz.

Não se sabe como os cristãos antigos celebravam os seus natais, mas a troca de presentes era uma constante bem como as refeições alargadas. Durante a Idade Média, os costumes dos povos foram ficando entrelaçados e a festa de Yule, um solstício nórdico, ficou bem marcado. Havia presunto, casa decoradas com cores, para contrastar com a neve e uma árvore à porta de cada uma. Para eles o gnomo é que distribuiu os presentes.

No século IV, na Ásia Menor, deparamos com a história de três raparigas, na cidade de Myra que não reuniam condições para se casarem por não serem possuidoras de dote. O pai aconselhou-as a se prostituírem para terem dinheiro e saírem da miséria. Nicolau de Myra tinha acabado e receber uma herança da qual decidiu abdicar. Numa noite fez chegar, às raparigas, grandes quantias de dinheiro através das janelas durante a noite. Estavam salvas duma vida menos digna e escravizante. Este homem usava barbas brancas e tinha um ar doce e sereno.

Muito mais tarde, com o aparecimento da Revolução Industrial, a produção em massa fez disparar aquilo que mais tarde tomou o nome de consumo. Produzia-se para haver lucro o que implicava vender e comprar, trocas comerciais que deram origem à classe burguesa enriquecida. No século XX, este consumo atinge o expoente máximo e a economia entra em crise. O natal ainda não era época de opulência nem exageros.

A figura do Pai Natal, de barbas brancas e vestido de vermelho, é algo recente e foi uma imagem que a Coca Cola criou para espalhar felicidade. No entanto, o senhor foi repuxado do Nicolau, o velhinho que oferecia prendas às crianças e ajudava os mais necessitados. Por isso se vulgarizaram as lembranças como mote da época. Significava que se cuidava dessa pessoa, que se pensava nela e que era importante,

Este Pai Natal ganhou uma presença física bem como uma cidade onde tudo acontece. É ele que fabrica os brinquedos e os seus ajudantes trabalham todo o ano para satisfazerem os desejos dos mais pequenos. Situa-se na Lapónia e o nome de Rovaniemi é símbolo de alegria eterna e fantasia. Funciona o ano inteiro e nada é deixado ao acaso.

Escrever cartas ao senhor das barbas brancas é um hábito salutar e, por isso, existe um posto oficial de correios para as receber. A magia que ainda se consegue conservar pode ser preservada deste modo tão simples e fácil. Uma carta é algo de pessoal e estabelece uma ligação preciosa. As renas, aqueles animais engraçados e curiosos são a cereja em cima do bolo para que tudo fique perfeito. O trenó que sulca as neves e voa pela noite fora é impossível de ser esquecido.

Pena é que não possamos ver a aurora boreal que esta terra produz. Um espectáculo de luz que se torna inesquecível e peculiar. São outras latitudes e por isso os fenómenos físicos acontecem com outra mestria. Por lá, o famoso vinho quente e as bolachas de gengibre devem ser consumidos durante todo o ano e preparam o estômago para o frio que representam. A neve, apesar de branca. pode ferir a vista e fazer com que uma pessoa se possa perder nessa imensidão de pureza.

Por esta altura, as famílias reúnem-se e recordam as infâncias que já não voltam, os entes queridos que se foram e fazem os doces típicos. Quase que vivem à volta da mesa. Nada deve faltar para que aqueles tempos, os que nunca mais regressam, sejam presença nas suas casas. Os mais novos só pensam em abrir as prendas, cujos embrulhos apelativos e cheios de cores, parecem chamar a toda a hora.

Na verdade, estar com quem gostamos é sempre gratificante e não devia ser feito por calendário. A vida nem sempre permite que os horários, cada vez mais estranhos e confusos, se alinhem e conjuguem. Assim sendo, o nascimento de Jesus Cristo tem esse condão, de união e partilha. Anseia-se pelos abraços, pelas palavras e pelo calor humano que se solta sem se dar conta.

Alguns lares ficam com mesas mais tristes, com lugares vazios, mas sempre preenchidos no coração. É a saudade, que faz parte da quadra e que nos leva a pensar que a nossa capacidade de renascer é sempre superior à de sofrer. Quem nos morre só fica mais longe, mas nunca nos abandona. Talvez se tenha tornado ajudante do Pai Natal e saiba exactamente aquilo que nos faz falta.

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