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Do Prémio Europeu à Coragem de Amar

Numa semana em que todos os jornais foram entupidos pela visita dos espanhóis a lisboa, para a final da Champions, pelas mudanças parlamentares causadas pelas Eleições Europeias, de que falámos aqui, pelos discursos vitoriosos dos partidos políticos portugueses (ouvir discursos, depois das previsões, em Portugal, parece sempre que não houve perdedores e que há sempre alguém que ganha) e pela guerra aberta que existe nos meandros do Partido Socialista, com a vontade de António Costa de ser o novo Secretário-Geral do PS, dando um pontapé a José Seguro (algo de que o Leonardo Mansinhos falou na sua rubrica Pedras da Calçada). No meio de tanto movimento político e desportivo, é normal que algumas notícias tenham passado despercebidas e seja necessário destacar o que esteve In e o que esteve Out esta semana.

Destaque da Semana

Um estudo da Universidade do Minho (UMinho), coordenado por Graça S. Carvalho, directora do Centro de Investigação em Estudos da Criança (CIEC), foi distinguido com o “Social Literacy LED Certificate 2014” pela rede de literacia social DAVID, co-promovida pela Comissão Europeia. O grande objectivo desta rede é garantir que os responsáveis pedagógicos, as institucionais de ensino e os políticos disponham de informação de qualidade para suportar a implementação e o desenvolvimento de iniciativas eficazes de alfabetização social ao nível da formação, investigação, legislação e de contextos sem fins lucrativos.

A investigação que teve Graça S. Carvalho como grande responsável envolveu 19 países da Europa, África e Ásia, nos quais os investigadores analisaram o ensino da biologia, da educação para a saúde e da educação ambiental, tendo sempre em vista a melhoria do ensino da cidadania. As conclusões do trabalho português realçaram melhorias nos manuais escolares das diferentes nações, novos desafios aos professores e ainda uma maior integração nos contextos socioculturais.

O galardão recém-atribuído a este projecto vem reconhecer o amplo trabalho de investigação realizado e é um estímulo para que se continue a apostar em investigação em Portugal. O nosso país não é conhecido por ser um polo de investigação em termos internacionais, porque a aposta neste vector da sociedade não é muito grande. Porém, prémios prestigiantes como este têm vindo a demonstrar que a situação aos poucos está a reverter-se e que, com os devidos apoios, possamos começar a ser um país com uma boa reputação em termos de pesquisa científica, já que, claramente, os nossos investigadores já o são.

Fava da Semana

“Se crescer é doloroso para a rapariga negra do sul, estar consciente do seu deslocamento é a ferrugem na lâmina que ameaça a garganta. É um insulto desnecessário.”

(Maya Angelou)

A poeta e activista norte-americana Maya Angelou morreu esta semana, dia 28 de Maio, com 86 anos, vítima de uma saúde que se vinha a deteriorar nos últimos tempos. Professora de Estudos Americanos, na Wake Forest University, a partir de 1982, a poeta era considerada um tesouro nacional, cuja vida e ensinamentos inspiraram milhões de pessoas pelo mundo mundo inteiro. Nascida em Saint Louis, no Missouri, em 1928, e baptizada como Marguerite Ann Johnson, Maya Angelou cresceu no sul segregado, foi vítima de abusos sexuais aos oito anos, foi mãe aos 16, chegando a prostituir-se antes de conseguir começar uma carreira como cantora, actriz e, depois, escritora.

Autora tanto de obras dramatúrgicas como de prosa e poesia, foi a primeira memorialista negra de grande divulgação nos EUA com o primeiro tomo da sua autobiografia em sete volumes. I Know Why the Caged Bird Sings foi o nome escolhido para esse primeiro volume, que foi publicado em 1969 e que conta a história da sua vida da infância ao momento em que foi mãe, um período onde escondeu a gravidez da família até ao oitavo mês, para poder continuar a estudar. Maya Angelou, que foi convidada a ler poemas em duas tomadas de posse presidenciais, foi uma das escritoras negras mais lidas nos EUA. Entre as suas obras mais conhecidas estão I Know Why the Caged Bird Sings, de 1969, e Carta à minha filha: um legado inspirador para todas as mulheres que amam, sofrem e lutam pela vida – dedicado à filha que nunca tive, de 2008 e editado em Portugal em 2009.

Os últimos anos de vida de Maya Angelou não mancharam a sua ascensão com a perda de acuidade, ou compreensão, que muitas vezes acontece nestes casos. Viveu uma vida como professora, activista, artista e ser humano. A sua criatividade sobre-humana irá mantê-la viva na memória cultural de todos os que a leram, apesar dela já não se encontrar entre nós. Aliás, a criatividade que lhe era tão característica não poderia faltar no seu obituário, já que ninguém conseguia colocar os sentimentos e as emoções melhor do que ela. Como disse numa entrevista, em 1985: “Quando morrer, o que eu gostaria mesmo que se dissesse sobre mim é que ela se atreveu a amar. Por amor, refiro-me àquela condição tão profunda do espírito humano, que nos encoraja a termos coragem e a construir pontes, nas quais confiamos para atravessar, de forma a conseguirmos chegar a outros seres humanos.”

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