Durante as várias fases da nossa vida encontramos dificuldades, problemas e provações em vários aspetos ou acontecimentos e focamo-nos neles como se tudo dependesse disso. Até que algo acontece e nos abre os olhos, fazendo-nos realmente perceber o que na verdade importa.
Temos, por vezes, a visão e o pensamento tão desfocados e confusos que complicamos o que é simples e acabamos por arranjar problemas onde eles não existem, como se tivesse que haver sempre algo com o qual nos devêssemos preocupar. Criamos um cenário hipotético o mais negativo possível, baseando-nos no que já aconteceu, mas, principalmente, na forma como certas experiências nos afetaram.
É verdade que o ser humano tem a tendência de virar a sua atenção para aquele pequeno acontecimento (mas gigante na nossa imaginação!) negativo, quando há à sua volta tanto pelo qual deve estar agradecido, tantas coisas dignas de serem notadas e aproveitadas. É um mecanismo de defesa que desenvolvemos, afastando o que, de alguma forma, nos pode trazer consequências menos boas, mas que acaba por desgastar toda a nossa energia e tempo.
A mudança de perspetiva não é fácil, nem acontece de um dia para o outro. Contudo, quando nos apercebemos que nada daquilo terá importância no futuro (mais próximo ou a longo prazo), compreendemos que não é digno do nosso tempo ou preocupação. Quando algo mais importante surge ou um problema mais complicado nos afeta, percebemos efetivamente que, em comparação, nada do que anteriormente nos preocupava é sequer um problema.
Tudo é uma questão de perspetiva e não precisamos de uma chamada de atenção incrivelmente negativa para acordarmos e percebermos que só é um problema porque deixamos que ocupe o nosso tempo ou gaste a nossa energia. Não significa que não haja problemas ou que aquilo pelo que passamos seja fácil, mas podemos sim descomplicar o que tantas vezes tornamos pior do que é ou criamos como sendo um problema.
É quando filtramos e paramos de tornar tudo uma dificuldade que nos apercebemos o que não complicar coisas simples pode fazer por nós. Paramos de dar o nosso tempo e atenção a acontecimentos que, ainda que mínimos, drenam a nossa energia de uma forma impressionante. E se daqui a algum tempo aquilo não terá qualquer importância, porquê dar-lha agora em vez de nos dedicarmos a algo que melhorará significativamente a nossa vida?
Complicar o que é tão simples afeta-nos mais do que imaginamos, e tira-nos tempo para apreciar o que realmente vale a pena. Antes de nos voltarmos a preocupar com algum aspeto da nossa vida, devemos analisar a sua verdadeira importância. Sair um bocado da nossa pequena bolha e olhar para esse problema de uma perspetiva mais ampla, visualizando o grande cenário e percebendo o lugar tão pequeno que isso ocupa na nossa vida.
E é esta pequena mudança que nos ajuda a desfazer de pequenos pormenores e a dedicarmo-nos ao que é verdadeiramente essencial.