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Depois da Primavera, o Inverno Árabe

Desde que a Primavera Árabe estalou, temos assistido a uma democratização, ou a uma abertura dos regimes ditatoriais que existiam no Norte de África, Península Arábica e Médio Oriente. Khadafi morreu, Mubarak foi deposto, Morsi eleito e deposto um ano depois, Saleh deposto, Bem Ali deposto. Porém, Assad continua no poder, sem ter intenção de sair, causando uma guerra civil na Síria.

A guerra civil síria é, neste momento, o conflito mais complicado de sempre. De um lado, temos o Governo Sírio e o Irão. Do outro lado temos vários grupos que, independentemente da sua ideologia, se opõem ao Governo – a chamada Oposição Síria, o Estado Islâmico e, finalmente, o Curdistão Sírio. É de notar que o Estado Islâmico também se encontra em guerra com a Oposição Síria. Só o futuro dirá como é que esta guerra irá acabar.

Aliás, o grande problema não é como é que a guerra vai acabar, mas sim o seu resultado. Isto é, terminada a guerra, quem ficará no poder? A facção vitoriosa tem que, com sucesso, impedir o fanatismo islâmico de chegar ao poder. Não podemos ter, no Médio Oriente, outro Egipto, em que o presidente Morsi foi eleito pela Irmandade Muçulmana e rapidamente começou a governar de acordo com a Sharia, tendo sido deposto ao fim de um ano de mandato. A facção que ganhar tem de ser laica, forte e, acima de tudo, contar com o apoio das forças armadas sírias.

Tem-se, no entanto, tornado claro nas últimas semanas que o grande entrave a qualquer tipo de solução é o Estado Islâmico. Tendo por objectivo a recriação do Califado (de forma simplista e resumida é o equivalente ao Papado) e, querendo ocupar a Síria e o Iraque, é já considerado a maior ameaça terrorista de sempre. “Porquê?” é a pergunta que é feita constantemente. Ao não reconhecerem a autoridade dos governos nacionais, o Estado Islâmico está a invalidar quaisquer medidas e acordos de paz que venham a ser acordados entre as partes envolvidas. Isto significa que, até terem os territórios desejados ocupados, não irão desistir, assegurando assim ainda mais instabilidade, numa zona já de si volátil, e a continuação de uma situação instável.

Então, como é que se pára o Estado Islâmico? Não se pára. Uma organização fanática com um plano bem organizado não se pára, aniquila-se. É este o nível de fanatismo com que estamos a lidar. “Hoje, já com um novo Governo em Bagdade, posso anunciar que a América irá liderar uma vasta coligação e enfrentar esta ameaça terrorista”, disse recentemente Barack Obama, numa conferência de imprensa. “O objectivo é claro: degradar e destruir as forças terroristas através de uma estratégia de contraterrorismo compreensível e sustentada”. Seja qual for a solução que venha a ser tomada, irá haver quem a condene, ou por ser branda demais, ou por ser excessiva demais. A simples existência do Estado Islâmico ameaça por si só deitar por terra o que a Primavera Árabe conseguiu e a impunidade que tem gozado não tem sido nada senão benéfica, atraindo cada vez mais pessoas para o seu lado.

“Lamento profundamente que com o surgimento de tantos outros conflitos armados neste período de desestabilização global, os combates na Síria e as suas consequências dramáticas para milhões de civis tenham desaparecido dos radares internacionais”, disse a alta comissária da ONU para os Direitos Humanos, Navi Pillay, na apresentação de um relatório do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos. Em suma, de momento, o Estado Islâmico é o maior entrave a uma solução pacífica para a guerra civil, para o regresso de uma paz tensa ao Médio Oriente e pode perfeitamente dar início a um Inverno Árabe, deitando por terra o que foi conquistado, durante a Primavera Árabe.

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