+1 202 555 0180

Have a question, comment, or concern? Our dedicated team of experts is ready to hear and assist you. Reach us through our social media, phone, or live chat.

Aprender pela Dor

Os últimos dias vieram aprofundar a convulsão que vivemos no mundo desde há alguns anos, com os bárbaros ataques do alegado Estado Islâmico, nomeadamente com a reacção mundial ao ataque a Paris, em França. Sim, é verdade e é digno o pesar perante a situação, mas é preciso também compreender que o que se está a viver no mundo não se passa só na Europa e nos Estados Unidos, mas por todo o mundo, das mais diversas formas, com níveis de extrema e impressionante violência e desrespeito pela vida humana.

Em resposta aos ataques em França, o Dalai Lama, em entrevista, disse algo muito importante e simples. De nada serve, em cada situação destas, pedir orações, acender velas e tudo o mais, se não começarmos a assumir a responsabilidade pelos nossos actos, enquanto seres humanos viventes neste planeta, e deixarmos de esperar que a solução para os nossos problemas venha de fora, de um Deus qualquer, dos extra-terrestres ou, no caso português, de um qualquer Dom Sebastião que volta num dia de nevoeiro.

Não se trata de uma questão religiosa, e acredito que na verdade nunca se tratou, mas sim, como sempre, de poder, de dinheiro, de arrogância, de falta de humanidade. Não se trata de uma supremacia religiosa, até porque tal ideia é desvirtuar, por completo, todo e qualquer base espiritual e religiosa do mundo, repetindo os erros do passado e continuando a destruir, lentamente, o que resta de humanidade em cada ser deste planeta. Trata-se sim da manipulação de mentes de uns para levarem o medo e o terror até outros, de forma a quebrar as bases e, simplesmente, destruir, sem qualquer outro propósito que não seja o de dominar qualquer coisa com um objectivo que, honestamente, nem sequer sei se realmente existe.

Acredito que, finalmente, chegou o tempo de colocarmos a mão na consciência e manifestar aquela conhecida citação, a de sermos a mudança que queremos ver no mundo. Não acredito que seja com armas que iremos resolver o assunto, fomentando a guerra e alimentando ainda mais um sistema onde se prefere investir em armamento do que em educação ou do que auxiliar as populações mais pobres a terem condições melhores para poderem viver.

Para mim, o segredo está, precisamente em mudarmos aquilo que são as bases de tudo: nós mesmos, as nossas ideias, as nossas convicções, as nossas necessidades. É preciso compreender que em cada um de nós existe um pouco da responsabilidade de tudo o que existe neste mundo, assim como também, em cada um de nós, existe a capacidade de fazer diferente, de ultrapassar todos os obstáculos, de mudar este mesmo mundo. Para tal, também precisamos de mandar abaixo algumas das barreiras mais fortes que têm estado a vir ao de cima, os ódios, os rancores, os medos e as raivas que tão à flor da pele andam neste momento e que só nos dividem.

Contudo, a solução está na verdadeira união, a que nos leva ao fim da discriminação, da xenofobia, da homofobia e do racismo, mas também ao fim da inveja, da ganância e da soberba. No dia em que o fizermos, vamos ver coisas incríveis acontecerem, estou certo disso. Veremos a cura de muitas doenças surgir, sem que custos astronómicos estejam em jogo, veremos energias renováveis, de duração extraordinária e a custos mais baixos, serem reveladas, veremos um maior respeito pelo meio ambiente, pelos velhos, novos, mulheres e homens, tão simplesmente porque ultrapassámos a maior das barreiras, aquela que precisamos realmente de ver, a de, ao longo destes anos, nos termos anulado, termos deixado de seguir as nossas vocações, a nossa felicidade, por causa de dinheiro, de posses, de apegos.

Parece idílico e utópico, muitos o poderão dizer, quase algo impossível e ridículo aos olhos de muitos. No entanto, acredito que não é assim tão difícil, simplesmente leva tempo e, provavelmente, mais alguns acontecimentos como estes que temos vivido. Por vezes, tantas vezes, aprendemos através da dor, do sofrimento, dando valor apenas quando não temos, quando nos falta, quando perdemos. Talvez seja preciso perder a nossa humanidade por completo para que sintamos falta dela e a queiramos recuperar, compreendendo que não precisamos de mais armas de destruição, mas sim de amor.

Share this article
Shareable URL
Prev Post

The Hunger Games

Next Post

Ricardo, de Duque de Gloucester a Rei de Inglaterra

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

Este site utiliza o Akismet para reduzir spam. Fica a saber como são processados os dados dos comentários.

Read next

Bloco, Bloco…

O panorama partidário português sofreu as mais variadas alterações ao longo dos anos. Com o 25 de Abril houve…