Existem mais museus e existem mais turistas. Segundo José Soares Neves, professor ISCTE-IUL, investigador do Centro de Investigação e Estudos de Sociologia e coordenador do último Panorama Museológico em Portugal, o “crescimento continuado” do número de museus é uma das explicações para o aumento do número de turistas. Aliás, os museus são cada vez mais um ponto de interesse e ocupação dos turistas, sendo que “o turismo em Portugal vem registando procuras crescentes, de nacionais e estrangeiros”, acrescentou o investigador.
Quando temos em atenção a evolução dos números desde 1950, de acordo com José Soares Neves, “assistimos paulatinamente à valorização da memória, do património”, algo que se torna mais visível na década de 1970 com o crescimento do número de museus, “sobretudo municipais”. E esta é uma tendência que se verificou nas décadas seguintes, que refletem o impacto do turismo, mas também a “articulação” dos museus com as escolas, assim como a “qualificação escolar e profissional da população portuguesa”.
Não obstante, especialistas reunidos no Rio de Janeiro consideram que o futuro dos museus está na criatividade. Contrariamente ao que se pensa, o futuro museológico pode não estar nas mãos da tecnologia. Isto, porque, na 23ª conferência do Icom, o Conselho Internacional de Museus, órgão parceiro da Unesco que reúne mais de 30 mil profissionais de 137 países numa rede mundial de pesquisa, promoção e preservação do património cultural, considerou que a principal questão em causa é a criatividade. Neste sentido, e numa tentativa de modernização, os museus têm ampliado o uso da tecnologia nas suas exposições — de forma um tanto histérica, como avalia o físico espanhol Jorge Wagensberg, que criou e dirigiu o Museu de Ciência de Barcelona, conhecido por transformar a abordagem museológica em ciência. Contudo, a tecnologia é muito efémera, no sentido em que o que hoje conhecemos como inovação pode amanhã ser antiquado.
As boas ideias nunca se esgotam e não perdem o seu valor, daí que seja importante construir um museu sob uma série de ideias brilhantes. “Tornar o museu mais atraente não pode ser um alvo em si, mas um recurso para melhor atingir os objetivos a que a instituição se propõe”, considera o professor Ulpiano Bezerra de Meneses, professor da Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo, que acredita igualmente que “o museu deve investir no público”. Nesta perspetiva, o físico Wagensberg crê que “um museu é hoje um valiosíssimo instrumento de troca social, que se mede pela forma como pode mudar a vida das pessoas”. “Um visitante tem que sair do museu com ‘fome’, ou seja, com mais perguntas do que tinha ao entrar”, explicou o espanhol.
Dicas para levar os mais novos a museus:
- Não pensem ver o museu todo – Uma hora é um bom compromisso.
- Explicar as estratégias utilizadas nas obras de arte.
- Entrar com espírito de jogo.
- Pensar segundo a idade. Os mais novos deixam-se levar pelas cores, os mais crescidos pelas formas. Os quase adolescentes preferem a pop art.
- Aproximarmo-nos para ver o detalhe.
- Fazer a festa de anos entre obras de arte.
Seis motivos para ir a um museu sozinho:
- Faz o teu próprio itinerário.
- Podes andar no teu próprio ritmo.
- Apreciarás a solidão.
- Podes conhecer novas pessoas.
- É um meio de obter inspiração.
- Estimula a confiança.