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Afetos

“Amai-vos uns aos outros” seria a política correta a enveredar, fossemos nós um grande partido de unicidade global. Nas palavras bíblicas traduzidas por Jesus Cristo, muitos entendem como uma regra, um mandamento, algo que se crive na pele como uma obrigação a ser seguida. E querem saber a verdade? É totalmente! Não como forma de regra obrigacionista, porque quem leva à letra não percebe o conceito. Não entende que a formalização de um pedido se traduz na realidade numa forma de vida. Num estado de espírito. Contudo, reside exactamente neste pedido a maior dificuldade dos humanos. Humanos que necessitam de afectos, que se perdem na inconclusividade de os entenderem, de os distribuírem.

Há um pólo positivo naqueles que se revêem na estrutura que dignifica a causa e efeito de transformar os segmentos de amor em pura distribuição, onde se ramificam entre uns e outros a verdade como consequência da palavra retida na arte de expressar todos os afectos que dão esperança à vida.

E porque necessitamos desses afectos e nos vemos marginalizados em circunstâncias dúbias? E porque é tão importante atentarmo-nos para a verdadeira ideologia de nos amarmo-nos uns aos outros? E porque tantas, vezes entre as cegueiras das vinganças, entre os olhares destituídos de amor, de noções de pré-julgamentos de consequências trágicas nos deleitamos na maldade e sofrimento que marcamos por uma falha num abraço? Pela falha de um obrigado? Pela falha de um beijo sentido?

Que marca da besta se impõe ao humano para que a desordem implique num sofrimento não só nosso, como do outro? Que pólo negativo de carácter de urgência urge fazer sentir a quem já se amou, a quem se deixou de amar, a quem resumimos ao estado de cativeiro e roubo de afectos outrora dados?

Que estrutura de permanente sinalização de cuidado temos para nós? Cuidado com os traidores. Cuidado com aqueles que de pouco amor nada sabem e nada merecem. Cuidado com os covardes, com os indulgentes. Cuidado com os salafrários. Os mentirosos, os lobos em pele de cordeiro. Cuidado com os avarentos, os promíscuos, os luxuriosos. Cuidado com a ideologia latente de se “Amar uns aos outros”.

Que se ame menos? Que se dê menos? Que pouco se receba como forma da sustentação, dessas poucas migalhas, que na realidade nos fazem ainda viver. Que se olhe de lado para aquele que sofre, pois no nosso eco de vida, afeto precisamos nós, como cura para as nossas feridas! Nós, os necessitados de amor, nós os necessitados de afetos. Nós os cegos na verdade, nós os surdos na mentira que recriamos. Nós os incultos, analfabetos, sovinas na arte de dar, mesquinhos na arte de receber.

Problemáticos, traumatizados, destituídos dessa arte de amar de lei sem regras, de lei sem imposições onde apenas se lê amor e se traduz essa arte em dor. Que afectos teremos? Que afectos reprimimos? Que afectos desconectamos? Que pesca se traduz em redes vazias? De que necessitas tu para que entendas que não sobrevivemos de afectos…vivemos dele! Não batalhamos por uma acção jurídica que justifique que tipo de amor, que tipo de afecto se traduz numa assinatura de regras estabelecidas para a livre circulação de amor! Não! Ele é para todos, ele é de todos! Ele é a justificação da liberdade que tem no verbo amar o cálice da vida, como nenhum outro. Ele é a imagem que é sistematicamente endurecido por corações, mas ele é a força do empenho, a força da intensidade. A força que carrega a esperança de que começando em ti se liberte enfim… para os outros. Que se distribua esses afectos. Porque ele não vive preso em ninguém. Ele quer conversar, quer sorrir, quer partilhar. Ele quer limpar lágrimas, caminhar contigo por caminhos imprevistos, sinuosos.

Ainda que o abandones… esse afecto não morre. Ele vive! Ele deixou-o em ti! Ainda que te crives de sofrimento, da desgraça que te acompanha, de olhos que ardem de egoísmo, de desdém pelo próximo, que vejas e sorrias perante a queda dos anjos do amor…ele jamais sairá de ti. Esse afecto que escondes, esse afecto que teimas em fechar a set chaves contigo. De ti não sai, de ti não darás o passo que te liberta, mas ele vive em ti. Esse afecto que teimas em não dar… mas que amas receber. Esse afecto que teimas em não te compadecer mas que te deleitas em senti-lo. Essa é força do afecto. Essa a necessidade que o afecto tem de ti… ainda que não tenhas tu dele.

Precisamos de dar mais, de receber na medida certa, de nos empenharmos na constituição humana de que somos feitos. À imagem de Deus, à imagem da ciência, de um Big Bang, de um movimento ateu ou religioso. O que é a estrutura da vida sem a estrutura dos afectos? O que é a estrutura de amor sem a estrutura de uma inteligência que urge vestir-se de emoção?

O que és tu sem ele… e o que será ele por fim… sem ti?

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