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Adeus Selecção Natural

 “A teoria da evolução das espécies é, hoje em dia, um facto inquestionável. As evidências científicas sobre as quais se sustenta a teoria são, principalmente, paleontológicas, morfológicas, biogeográficas, embriológicas e bioquímicas.”, afirma Ruth Noriega.

Segundo a ensaísta na Universidade Cornell, Laura Martin, as espécies estão em constante evolução. No entanto, a ideia de que estas deveriam ter o direito de evoluir sob determinadas condições ambientais tem vindo a ser discutida. Esta afirmação levanta algumas questões: não tem cada espécie o direito de evoluir sem interferência humana? O direito a submeter-se a selecção natural e não de selecção artificial? Será que é mesmo possível para os seres humanos evitar afectar as trajectórias evolutivas de outras espécies?

Como Darwin, muitos ambientalistas valorizam o trabalho da natureza sobre o trabalho de seres humanos. Porém, há alguma espécie, em qualquer lugar, com uma trajectória evolutiva que não tenha sido afectada por seres humanos? “A evolução não é um processo aleatório. A variação genética sobre a qual actua a selecção natural pode acontecer ao acaso, mas a selecção natural em si mesma não é aleatória. A sobrevivência e o sucesso reprodutivo de um individuo estão directamente relacionados com as formas herdadas no contexto do meio ambiente local. Se um indivíduo sobrevive e se reproduz, depende principalmente de ter, ou não os genes que produzem características que se adaptam bem ao meio”, diz Ruth Noriega, autora da brochura intitulada “100 perguntas, 100 respostas especial evolução” (associada à exposição “A Evolução de Darwin” promovida pela Universidade do Porto)

Adaptação evolutiva pode ser rápida e ajudar, potencialmente, as espécies a adaptar-se a condições ecológicas decorrentes, por exemplo, da mudança do clima. Os cientistas procuram, agora, entender quando a evolução irá ocorrer. Ary Hoffmann e Carla Sgrò, membros do Nature Publishing Group, relembram que os processos evolutivos precisam de ser incorporados em programas de gestão para minimizar a perda de biodiversidade em rápida mudança climática. A selecção artificial permite entender o quão rapidamente uma característica irá evoluir sob uma dada força de selecção. “Com a selecção natural controlada relacionada, os organismos não são seleccionados de acordo com os seus valores para uma determinada característica, mas evoluem perante tratamentos ambientais experimentalmente impostas, tais como temperatura, luz, nutrientes, presença ou ausência de predadores e outros. Os resultados desse tipo de estudo pode-nos dizer o quão rápido a população pode se adaptar a uma dada mudança ambiental, natural ou antrópica.”, explica o professor de biologia vegetal, Jeffrey Conner.

“Variabilidade sobre a qual actua a selecção natural” segundo o neodarwinismo

A teoria da evolução é o modelo científico que descreve a transformação e diversificação evolutivas e explica as suas causas. A teoria vigente baseia-se nos princípios propostos por Darwin, que incluem a chamada selecção natural.

Charles Darwin foi um cientista naturalista que integrou a viagem de reconhecimento do HMS Beagle, como naturalista sem remuneração, numa expedição científica à volta do mundo. “Cinco anos depois, após o regresso a Inglaterra, dedicou-se a reunir e a desenvolver a suas ideias sobre a mudança das espécies. Em 1859, após mais de 20 anos de estudos, publicou a teoria Origem das Espécies através da Selecção Natural. O seu livro provocou uma grande controvérsia na comunidade científica e religiosa, pois a teoria da evolução desafiava radicalmente a teoria criacionista e provocou uma enorme revolução no pensamento humano. Ficou conhecido como o livro que abalou o mundo. Darwin morreu a 19 de Abril de 1882 e foi enterrado na Abadia de Westminster, junto a Isaac Newton”, diz Ruth Noriega.

Nos inícios do século XX, cientistas como Dobzhansky, Simpson, Mayr e Huxley formularam uma nova teoria, chamada Neodarwinismo, que se fundamenta na teoria da origem das espécies de Darwin e se complementa com as leis de Mendel e o fenómeno das mutações genéticas.

Segundo Ruth Noriega, a teoria vigente na actualidade, também chamada teoria sintética da evolução, baseia-se nos seguintes princípios: por um lado, os seres vivos experimentam variações devido a mutações que se produzem ao acaso, o que gera variabilidade entre os indivíduos de uma dada espécie e também, segundo esta teoria, actua sobre eles a selecção natural. Os seres vivos com características que lhes permitam uma melhor adaptação sobrevivem, deixam mais descendentes e os seus caracteres tornam-se mais frequentes dentro da população. Os menos bem adaptados deixam menos descendentes e os seus genes vão desaparecendo. Por outro lado, estas alterações acumulam-se no tempo, produzindo modificações nas populações que dão lugar a novas variedades, raças e espécies.

“A selecção natural procura, a cada dia, a cada hora, as mais leves variações”

Segundo Ruth Noriega, o grande mérito de Darwin foi ter descoberto o mecanismo pelo qual ocorrem modificações na descendência, responsáveis pela alteração evolutiva: a selecção natural. Como disse Darwin, no mundo inteiro, a selecção natural procura, a cada dia, a cada hora, as mais leves variações. Rejeita as que não servem, preservando e acrescentando as que servem.

Os ambientalistas procuram protecção legal do direito da natureza a evoluir e isto sugere que a capacidade da natureza para evoluir poderia ser ameaçada. Contudo, será que os seres humanos podem realmente parar a evolução?

A selecção natural, apesar de ser mais lenta que a artificial, continua a ser parte da actual teoria da evolução defendida pela grande maioria da comunidade científica. No entanto, as discussões sobre o direito de evolução mantem viva uma questão: Será que a ideia defendida por Darwin ainda é válida, após tantos estudos? 

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