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A triste realidade dos desempregados

Procurar trabalho é, por si só, um trabalho a tempo inteiro. À partida, é necessário definir o que se pretende: se emprego, se trabalho. Não acredita? Há diferenças! É que emprego é normalmente aquilo que mais procuramos, pois vai ao encontro do que foi estudado e cuja remuneração é compatível (justa) com a função. Trabalho fica muitas vezes aquém das qualificações, é por norma mal pago e em regime de estágio, profissional ou curricular, que no último caso, é tarefa para não ser remunerada.

Com aquilo que pretende bem definido e de mente aberta – acredite que vai precisar de a ter – e como os tempos são dados à tecnologia, basta abrir o computador para dar início à sua pesquisa. A primeira dificuldade com a qual se irá deparar começa pela idade. É que, em Portugal, os profissionais com mais de 40 anos que calham ficar desempregados são considerados pouco competentes e mantidos à margem das suas capacidades. Porém, se faz parte deste grupo etário, anime-se! É que hoje em dia há uma tendência generalizada para oportunidades de trabalho dirigidas a uma faixa etária não superior a 25 anos. Ou a 27. No máximo, a 30. Os demais já estão fora do prazo de validade.

Depois há a questão da experiência. Contudo, se nunca for, gentilmente concedida a dita oportunidade, jamais se terá a solicitada experiência, o que faz com que muitas vezes e ainda em idade útil a escolha recaía para estágios. De acordo com o dicionário da língua portuguesa, estágio, substantivo masculino, significa “tempo de tirocínio ou aprendizado de certas profissões; período durante o qual uma pessoa ou um grupo exerce uma actividade temporária com vista à sua formação ou aperfeiçoamento profissional”. O problema aqui é que esta definição foi esquecida pelas entidades empregadoras e tornou-se sinónimo de mão-de-obra qualificada, paga “ao preço da uva mijona”. E é sob esta definição que se constroem os anúncios de emprego mais ridículos de sempre.

Geralmente, o perfil do candidato começa pelos requisitos da formação específica, que deve ser adequada à vaga aberta. Até aqui, tudo bem. De seguida, dão primazia a outros requisitos, alguns de carácter obrigatório e chega-se mesmo a pedir experiência de anos para o exercício da função. “Meus amigos” – como diria uma personagem interpretada por um grande humorista português – sabiam que, para estágio profissional, jamais em tempo algum é necessária qualquer experiência prévia? Porque este tipo de estágio é a experiência!

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Este é um dos exemplos completamente errados e, pior que tudo, é ilegal. É que para ser concedido um estágio ao abrigo do IEFP, nunca pode ter existido um vínculo com essa empresa. Logo, um período experimental seguindo-se de uma possibilidade de estágio é, para além de ilegal, uma anedota. Das duas uma: o que este tipo de anúncios sugere é um período experimental não remunerado, ou remunerado entre “portas e travessas”, para que ainda possa ser elegível a estes estágios.

“Domínio de ferramentas várias” (esqueça a óptica do utilizador, é mesmo ao nível de especialista), “múltiplas línguas” (proficiente, se não, nativo), “carta e viatura própria” (possivelmente para estar à disposição da empresa). Flexibilidade de horários e disponibilidade para trabalhar fins-de-semana e feriados são outra moda. Isto, porque os estágios IEFP não pagam Domingos ou feriados, nem tão pouco retribuem horas extra de acordo com o regime de isenção de horário. O IEFP é o melhor amigo das empresas: comparticipa entre 80 a 100% da bolsa de estágio e ainda têm benefícios fiscais ao recrutarem estagiários ao abrigo destes programas. Além disso o estagiário vai-se fartar de trabalhar, sob a promessa de passados 9 meses ingressar os quadros. O mais provável é que terminado o estágio, alguém tão ou mais qualificado ocupará o seu lugar, com as mesmas condições.

Cabe ao IEFP “apertar o cerco” a entidades reincidentes na contratação, através destas medidas. Se existe a necessidade, contratem e remunerem, de acordo com a “experiência comprovada”. Se pensarem, ganham colaboradores motivados, que se sentem valorizados e que são muito mais produtivos. Da próxima vez que recrutarem, considerem estes aspectos e, acima de tudo, respeitem a inteligência de quem está à procura de trabalho.

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