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A Repartição dos Favores

Não é novidade para ninguém que a burocracia nos serviços públicos é uma realidade com a qual vivemos desde que há memória. Não há Simplex que resulte. Já muito se escreveu, falou, criticou e gritou sobre o assunto. Porém, a fotocópia autenticada, a carta registada, o aviso de recepção e a assinatura idêntica à do cartão de cidadão, são rituais de uma seita que apenas os mais pacientes conseguem seguir sem pestanejar.

Quando o assunto é a candidatura a um posto de trabalho no sector público, aí o caso muda de figura, para pior. Não só o candidato tem de ter em atenção os passos acima referidos, como o rigoroso processo de seleção carece de um estudo minucioso. Sim, isto de empregar pessoas que até pagam impostos não pode ser de qualquer maneira. “Como é que se atreve a candidatar a um lugar aqui?” – quase que se pode ler na cara daqueles a quem pedimos informações. “Já assinou as folhinhas todas?”, questionam com um abrir de olhos. “E o formulário está preenchidinho?”, isso é que não pode mesmo falhar.

Bem, é certo que seria injusto generalizar e achar que a maçada da espera e a tortura de sentir que falta alguma coisa depois de passada a rigorosa data de envio dos documentos está presente em todos os serviços do estado. Não está. Ainda há profissionais que até gostam do que fazem e estão ali, de facto, para servir os contribuintes. Depois, há os que já sabem tudo, os que têm qualificações que, por si, os dispensam de qualquer método de seleção.

Recentemente, surgiu mais uma polémica que dá conta de um lugar numa instituição estatal atribuído ao filho de um ex-primeiro-ministro. Pouco se sabe sobre as razões para a atribuição de tal cargo e respectivo salário. É certo que o assunto levantou críticas e choveram comentários de gente indignada. No entanto, o assunto ficou arrumado. Ficamos assim a saber que continuamos expostos à condição de meros espectadores de ombros encolhidos.

Se é preocupante não ter a certeza para onde o dinheiro dos nossos impostos vai, mais preocupante é ter a sensação de que não há quem ponha um ponto final na forma como favores mascarados de processos de selecção se arrastam com o passar dos anos.

Capacidade, competência e profissionalismo versus carta timbrada, data e assinatura. Quem perde?

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