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A Rainha vai nua

Muitos olharão para este título e pensarão que tal se trata de um claro equívoco do Cronista. Isto, porque o ditame popular é muito parecido com este, só que o sexo do protagonista é diferente. Eu bem sei que o ditado popular nos diz que quem vai nu é o Rei. Assim como também sei que a Rainha é deixada de fora desta equação, por razões de respeito e de cavalheirismo para com uma Mulher.

Contudo, para retratar tudo aquilo que se está a passar na Velha Europa, nos últimos tempos, tenho mesmo de deixar o cavalheirismo de lado e desconsiderar a Rainha. E não se pense que vou aqui tecer fortes críticas à Rainha de Inglaterra. Deixemos a pobre Monarca em paz e sossego no seu luxuoso castelo (prisão seria o termo mais correcto a meu ver).

A Rainha da actual Europa tem vários nomes. Há quem a apelide de Partido Popular Europeu, que congrega todos os Partidos da Direita Europeia, onde se inserem o Partido Social Democrata (PPD – PSD para os amigos) e o Centro Democrático Social – Partido Popular (CDS para os mais chegados). Porém, eu vou generalizar para facilitar a compreensão de quem me esteja a ler e vou colocar tudo num mesmo saco que apelidarei de Direita.

Ora, após a Crise das Dívidas Soberanas ter devastado as Economias da Ásia, Oceânia e Américas eis que a mesma chegou à Europa, através da Grécia. Na altura, quem detinha a liderança Europeia era a Esquerda que ditava a Lei na política interna e externa da União Europeia/EURO. Só que esta mesma Esquerda viu-se impotente perante a monstruosa Crise e, com naturalidade, cedeu aos poucos o seu lugar à Direita.

Com o Poder absoluto alcançado, eis que a Direita arregaçou as mangas e iniciou um tremendo e brutal assalto à mão armada. Assalto este que vinha perpetrado há muito tempo. A vítima da estratégia é a Crise Monstruosa, diz-nos a Direita, mas todos sabemos que o alvo era outro… A Direita serviu-se da Crise Monstruosa para atacar e destruir o seu velho inimigo de longa data: o Estado Social.

A argumentação da Rainha da Europa é a ladainha do costume, ou seja: não há dinheiro, não há Estado Social para ninguém! E é por isto que, durante quase quatro longos anos, os Gregos, Irlandeses, Italianos, Espanhóis e Portugueses viram os seus Direitos diminuídos e os seus Deveres aumentados em potência.

Contudo, a Direita é astuta e sempre que reúne a sua Corte procura disfarçar os males do seu Povo. Para ela tudo está bem, os seus programas funcionam, os cofres estão cheios e quem não alinha no seu discurso, ou é irresponsável, ou é louco. Para além disto, a Rainha consegue corromper a Esquerda, seduzindo-a com uma espécie de perdão, prometendo-lhe amizade e tranquilidade, desde que esta alinhe na sua governação tirana sem fazer muita onda. Já quanto ao Povo, a Direita segue os ensinamentos da Rainha Antonieta, que na falta de pão ordenou que os seus súbditos comessem Brioches.

Sucede, porém, que quase quatro anos passados a Europa está doente. Gravemente doente. Os Povos do Sul estão contra os do Norte e vice-versa, a riqueza que deveria ser proporcional por todo a Europa concentrou-se num único local e até há quem passe fome e não tenha direito a assistência médica.

A parte do Reino que está pior é a Grécia, onde uma prima afastada da Esquerda, a Extrema-esquerda, venceu as eleições legislativas e pretende agora fazer frente à Monarca tirana sem a querer destruir.

No entanto, a Rainha Direita é orgulhosa. Sabe bem que o que fez ao longo destes longos quatro anos não é correcto e que a continuar assim será o colapso do seu Reino, mas esta não admite o erro e prefere continuar a sua tirania. A Rainha Direita não quer perceber que vai nua… Nua e odiada.

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