Pedir desculpa é um acto, na maioria das vezes, de empatia, de humildade. É preciso ser-se grande o suficiente para nos colocarmos no lugar do outro, para reconhecer os nossos erros e para, desprendidamente soltar um “peço desculpa” sincero e sentido pela aquela atitude que, reconhecemos, não ter sido a mais correcta.
Contudo, o que acontece quando, sistematicamente, a palavra desculpa surge ao longo do nosso dia?
Se o pedir desculpa é, essencialmente, o reconhecimento de um erro, ao pautarmos a nossa vida por essas palavras estamos quase a assumir que tudo aquilo que fazemos é errado e devemos pedir desculpa por isso. Quantas vezes não ouvimos um “peço desculpa, mas é a minha opinião”? Devemos pedir desculpa pela nossa opinião ser diferente da do outro? Por não concordarmos com um ponto de vista? Claro que não! A opinião de cada um nunca deve ser desculpada.
Outra coisa que frequentemente ouvimos é o “desculpa mas tenho de ser sincero/a”, dizer a verdade nunca deve ser razão para pedir desculpas. O facto de mentirmos ou omitirmos determinados factos gera sempre insegurança e instabilidade e, desculpem que vos diga, mas esses não serão os melhores alicerces de qualquer relação.
Então em que ficamos? Pedir desculpa é, por um lado, bom e faz de nós melhores pessoas por assumirmos que erramos ou, por outro lado, demonstra fraqueza e insegurança?
Devemos, sim, pedir desculpas, quando erramos, quando magoamos, quando sentimos necessidade de o fazer, contudo não devemos usar a palavra desculpa como escudo. Frequentemente o “desculpa” serve como capa e é utilizado para evitar confrontos e discussões. Quando duas pessoas discordam mas não querem declarar guerra uma à outra, haverá sempre um lado que solta um “desculpa” para apaziguar os ânimos. O outro confia que “ganhou” e aquele assume uma derrota por desistência, ainda que não a considere justa.
Analisando todas as vezes que pedimos desculpa, reparamos que, na maioria das vezes seguimos o “desculpa” com um “mas” e, normalmente, quando isso acontece, é porque nos estamos a tentar desculpar de algo para o qual não precisamos de pedir desculpa. Esta atitude é nada mais que uma afirmação de insegurança. Ao pedirmos demasiadas desculpas perdemos assertividade e ganhamos insegurança.
Desculpa é talvez a palavra mais fácil do nosso vocabulário, mas estamos a gastá-la. Pedimos desculpa por não conseguirmos fazer determinada tarefa, quando poderíamos apenas pedir ajuda, mas pedimos desculpa por simplesmente precisar de ajuda.
Pedimos desculpa por sermos contra algo ou a favor da mesma, pedimos desculpa por ser diferentes, quando é a nossa diferença que nos torna únicos. Pedimos desculpa pelas nossas opiniões.
Por isso, desculpem que vos diga, mas já chega de tantas desculpas… desculpem, é a minha opinião!