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A confusão continua

O Brasil está a viver dias muitos conturbados. Os números ajudam a fazer o diagnóstico do país e os números não são bonitos de ver, não. Desemprego, inflação, corrupção. O convite de Dilma Rousseff ao ex-presidente Lula da Silva, acusado de corrupção e lavagem de dinheiro no âmbito do processo Lava Jato, foi a gota d’água.

E quando todos pensávamos que o assunto estava morto e enterrado, o “Lulinha paz e amor” continua a mexer. O Brasil não pára com manifestações contra e a favor dos grandes protagonistas do momento. São três nomes a recordar: Dilma, Lula e o juiz Sérgio Moro. O juiz do caso “Lava-Jato” é apoiado por uns enquanto os “petistas” pedem a prisão deste. Portugal e Brasil, com as devidas diferenças, estão a atravessar um momento único em que as figuras dos juízes alcançaram um espaço mediático pouco comum. Nos dois países, há ex-Primeiros-Ministros e ex-Presidentes a serem investigados pela Justiça.

A presidente considera errado e contra a constituição as escutas de uma conversa sua com o “companheiro” de partido. Quando o ex-Presidente Lula foi ouvido, não era ministro, não tinha qualquer direito privilegiado.

Eles falavam num papel, no papel de posse. Como ministro, Lula passa a ter foro privilegiado, só podendo ser julgado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) – e não pelo juiz federal Sergio Moro, do Paraná, responsável pelos processos da Lava Jato. Logo após Lula ser empossado, um magistrado de Minas Gerais suspendeu a posse. O governo recorreu e o ex-Presidente voltou temporariamente ao cargo. Outro magistrado, no entanto, impediu novamente o petista de assumir a Casa Civil.

Agora que o processo que envolve Lula no maior escândalo de corrupção do país voltou para as mãos do juiz de Curitiba, depois do Supremo Tribunal Federal ter recusado o foro privilegiado ao, para já, Ministro suspenso, é possível que o presidente mais popular de sempre no Brasil já não seja um homem livre durante muito tempo. Se Lula será preso ou não, só se saberá nos próximos dias. A questão, que poucos se colocam é: quais seriam as consequências para o país da eventual prisão daquele que aparece em primeiro lugar em todas as pesquisas como o melhor presidente de todos os tempos? O mais provável é que Lula seja visto por grande parte da população como um novo Getúlio Vargas, só que com uma diferença essencial: ainda vivo. Em 1954, quando Getúlio sofreu uma campanha de ódio semelhante à actual e que culminou com o seu suicídio a 24 de Agosto de 1954. Milhões saíram às ruas em comoção nacional.

A política brasileira sempre foi muito conturbada. Houve Getúlio, uma ditadura militar e até um presidente que nunca chegou a tomar posse. Tancredo Neves (bisavô do político Aécio Neves e de origem açoriana). Em 1984, aceitou a proposta de se candidatar à Presidência da República e a 15 de Janeiro de 1985 foi eleito presidente do Brasil pelo voto indirecto de um colégio eleitoral por uma larga diferença. No entanto, adoeceu gravemente a 14 de Março do mesmo ano, véspera da posse. Em 21 de Abril, morreu com uma infecção generalizada. Tancredo é considerado um dos mais importantes políticos brasileiros do século XX.

O homem que abandonou o cargo de Presidente do Brasil com uma taxa de aprovação de 87% é agora rejeitado por mais de metade dos brasileiros. Para a Presidente, agora debaixo de uma enorme pressão política, com o número dois já a pensar numa equipa para lhe suceder, os números são ainda mais punitivos: 68% apoia o impeachment que já corre no Congresso (mais 8 pontos percentuais que há um mês) e 65% acha que Dilma devia renunciar de imediato, sem esperar pelo fim do processo de destituição. Recorde-se que é a segunda vez que o Brasil debate a destituição do Presidente da República. Ao contrário do que aconteceu com Collor de Mello em 1992, Dilma tem gente que a defende. Tem o PT e tem aquelas pessoas que a apoiam por considerarem que a legalidade democrática foi posta em causa.

Para quem esteve quase a ser preso, passou do cárcere para o palácio do planalto. É isso mesmo! Já todos sabemos, mas mesmo assim repito… Luís Inácio Lula da Silva foi convidado pela presidente Dilma Roussef para ocupar o lugar de ministro da casa da presidência. Este posto é muito parecido ao de primeiro-ministro. O PT (Partido dos Trabalhadores) apresentou esta nomeação como uma forma de unir o partido e o país que está fragmentado. Só que em vez de unir está a criar cada vez mais problemas. As manifestações não são uma novidade no país só que desta vez o povo pede muito mais do que o impechement a Dilma Roussef. Agora as pessoas pedem a prisão de Lula. O homem que antes era amado por todos, o homem que tirou milhões da pobreza extrema e ofereceu-lhes coisas que antes seriam impensáveis como era o acesso à saúde e educação. Hoje em dia existe uma quota nas universidades para estudantes de raça negra.

Não podemos negar que o Brasil dos dias de hoje é aquele que nos chega pela televisão e Internet. O Brasil da corrupção, da pobreza e das desigualdades sociais. O Brasil dos dias negros e conturbados e dos números feios.

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